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Gravadora: Som Livre
Preço médio: R$ 25
27/06/2007

ORQUESTRA IMPERIAL

"Carnaval Só Ano Que Vem"

Formada por notáveis da cena carioca, como o "hermano" Rodrigo Amarante, o produtor Kassin, Moreno Veloso e o baterista de Chico Buarque, Wilson das Neves, entre outros 15 integrantes, a Orquestra Imperial lança seu primeiro e esperado CD.

O que começou quase como uma brincadeira entre amigos com a intenção despretenciosa de animar gafieiras acabou se tornando um projeto com personalidade própria e bastante evidente neste trabalho.

Semelhante ao que roqueiros norte-americanos como Neil Young e The Band fizeram no final dos anos 60, buscando em suas raízes musicais os ingredientes para a criação de uma música atemporal, a Orquestra Imperial utilizou o samba e outros gêneros tradicionais como base para uma sonoridade ao mesmo tempo familiar e moderna.

O lado familiar fica principalmente por conta dos ritmos. Além do já citado samba, que está por toda parte, temos em "Yarusha Djaruba" uma brincadeira com ritmos caribenhos, combinando com a letra, que cita Cuba, Porto Rico e Trinidad (além de São Paulo e Bagdá). Também transparecem as influências de Chico Buarque via Rodrigo Amarante e de Caetano Veloso via Moreno. Felizmente, não chega à cópia, especialmente no caso do segundo, cuja semelhança vocal é mais genética do que qualquer outra coisa.

O que nos traz à música mais atípica, e também a mais interessante. "Supermercado do Amor" faz rererência ao Tropicalismo, com seu ritmo sambista, arranjo de rock sessentista e discurso de Jorge Mautner.

O lado moderno se dá principalmente na produção de Kassin, Berna Ceppas do brasileiro-americano Mario Caldato Jr, famoso por seu trabalho com os Beastie Boys. A equipe de produtores consegue cumprir a tarefa de respeitar o tema central da gafieira, mas sem fazer pastiche de época.

Como as fotos do encarte fazem questão de mostrar, a "orquestração" é cheia de sintetizadores, guitarras com efeitos e toda sorte de conveniências eletrônicas que o mundo de hoje possibilita. Tudo usado com parcimônia, discrição e a serviço das canções. Ainda que sutis, esses recursos de gravação são em grande parte o que traz "Carnaval Só Ano Que Vem" ao século 21.

Tirando alguns trocadilhos fáceis espalhados pelas letras bem humoradas, a Orquestra Imperial abre sua discografia com um bem sucedido trabalho de música brasileira. Que, como poucos, não reverencia o passado nem fetichiza as novidades. (PEDRO CARVALHO)

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