Gravadora: Warner
Preço médio: R$ 26
20/08/2003
PRETA GIL
Prêt-à Porter
Acaba de chegar às lojas o disco "Prêt-à Porter", de Preta Gil, filha do cantor, compositor e ministro da Cultura Gilberto Gil.
Primeiro disco da filha de um dos maiores nomes da MPB, seria de se esperar que o lançamento gerasse uma expectativa quanto às influencias musicais da cantora e seu estilo. A maior promessa dessa estréia, no entanto, se relacionou não à música, mas ao fato, alardeado há meses, de que o encarte do CD traria fotos da cantora nua.
Logo na primeira audição, o disco revela que essa cortina de fumaça tem um motivo. "Prêt-à-Porter" carece mesmo de relevância musical, alguma novidade, estranheza ou beleza especial.
Falta convicção à voz de Preta Gil, que, sem cor própria, compete em desvantagem com o peso dos arranjos. Em seus melhores momentos, chega a lembrar Baby Consuelo -como em "Táxi pra Bahia" ou "Mal de Amar"-, mas na maior parte do disco soa embaçada e impessoal.
O erotismo apelativo das fotos do encarte está presente também em parte do repertório. Letras como "o teu corpo me chama pra vadiar" (de "Vestido Vermelho"), "cheiro que me deixa louca" (de "Magnético") ou "se excitou, nem ligou (...) fiquei mais assanhada" (de "Precisando de Amor") fazem lembrar os hits da chamada "música de motel", propalados por Joanna e Simone nos anos 80.
Única regravação do disco, "Espelhos D'Água", sucesso de Dalto, que fecha o disco, serve apenas para deixar ainda mais à mostra a inexperiência da intérprete em suas divisões rítmicas quadradas e hesitantes.
Por fim, ao contrário do que sugere o trocadilho do nome da artista com "prêt-à-porter" -"pronto para vestir", em francês-, o disco mostra uma cantora que ainda não está pronta e precisa de mais tempo para amadurecer e ganhar personalidade. (Antonio Farinaci)