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Gravadora: Virgin
Preço médio: R$ 33,50
17/05/2007

THE STOOGES

The Weirdness

Se passaram 34 anos desde o lançamento de "Raw Power", último álbum de estúdio da banda de Iggy Pop. Do fim da banda, quase isso. E dos primeiros anúncios de uma possível reunião, mais de uma década. Ou seja, as expectativas para a volta dos Stooges eram astronômicas. E foram correspondidas nos vários shows o grupo fez recentemente, esbanjando energia e domínio de palco, com arranjos e repertório perfeitos.

Portanto, quando começaram os boatos sobre um novo álbum, os fãs depositaram suas esperanças no que seria o melhor disco do ano, quiçá da década, e ensinaria a esta molecada frouxa o que é rock and roll. Infelizmente não foi bem por aí.

É claro que não é justo fazer comparações com os três álbuns da primeira encarnação da banda. Era uma época de hormônios em ebulição, Vietnã e todo um contexto de experimentação e ousadia. Por isso mesmo, discos de reunião como esse são projetos arriscados.

Correndo o risco de sermos cruéis, comparemos: o primeiro disco, "The Stooges" (1969), era minimalista. Já "The Weirdness" é simplório. Ambos são cheios de riffs de duas ou três notas, vocais resmungantes e letras diretas. Mas falta aqui o clima soturno e o ineditismo da estréia.

Assim como em "Funhouse" (1970), o saxofone está presente em várias faixas. Só que enquanto lá ele era uma ferramenta de caos baseada no free jazz, que se misturava à cacofonia das guitarras e aos urros do vocal, aqui ele toca frases roqueiras normais e melodias bonitas.

E, finalmente, o disco novo compartilha com "Raw Power" (1973) o clima e os riffs roqueiros "ortodoxos". Mas o que em 1973 era um ponto de partida para algo livre, feroz e ousado, aqui só os diferencia de uma banda comum de bar pela produção de Steve Albini. Aliás, cadê o baixo do genial ex-Minutemen/Firehose Mike Watt?

As letras também não ajudam. Trechos como "Alabama, Dalai Lama, Baby Mama - Livre e doidão nos EUA", ("Free and Freaky") dificilmente passariam no controle de qualidade dos Ramones mais recentes, que o diga o dos Stooges clássicos. A impressão é que Iggy Pop fez o possível para reproduzir o tom direto e "tosco" de seus clássicos de outrora e falhou, com um resultado final apenas infantil.

Ainda assim, alguns momentos chegam a animar numa primeira audição. "My Idea Of Fun" é a faixa central do disco e o que chega mais perto de qualquer coisa feita pela banda em sua primeira encarnação. Com guitarras menos óbvias e mais agressivas, não é nenhuma revelação, mas não deprime. O que faz de "The Weirdness" um disco não propriamente ruim, mas apenas mediano, óbvio e pouco memorável. E isso não é o suficiente para uma banda desta magnitude.(PC)

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