PRINCE

Musicology

Este disco marca o "relançamento" de Prince, e seu "retorno" ao mundo das grandes gravadoras. Desde 95, quando rompeu com a Warner, o cantor se colocou à margem da indústria musical e do grande sucesso, e chegou a trocar seu nome por um símbolo impronunciável.

"Musicology" não corresponde totalmente à expectativa que o hiato de nove anos na carreira de um músico da estatura de Prince instiga. O disco está mais para o funk-balada dos anos 90 --de "Graffitti Bridge" e "Diamonds and Pearls"-- do que para a fase mais criativa de Prince, nos anos 80 --que deu o electro de "Dirty Mind" ou o caleidoscópio pop de "Purple Rain" e "Sign 'O' the Times".

Ainda que timidamente, "Musicology" oferece pérolas que há tempos o compositor não apresentava ao público --pelo menos não de enfiada, em um mesmo disco. Músicas dançantes como a faixa título e "Illusion, Coma, Pimp & Circumstance", ou as baladas "A Million Days", "What do U Want me 2 Do?" e "Reflection" já valem o disco e mostram que Prince está em plena forma para retomar seu lugar no panteão do pop.

Quando, há nove anos, abandonou a Warner, Prince declarou que não queria mais ser escravo de uma grande gravadora, que, segundo dizia, tolhia seu processo criativo. É uma coincidência engraçada que no novo disco, novamente sob o "jugo" da indústria musical, Prince consiga produzir aquilo que não conseguiu nos anos em que foi "livre": Um disco coeso, de composições bem escolhidas --e não simplesmente expelidas por um fluxo criativo abundante mas desordanado. (Antonio Farinaci)