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Sensual, mas sem expressão, Lana Del Rey causa comoção no Planeta Terra

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

09/11/2013 21h19

Como uma diva idealizada, uma it girl do pop, Lana Del Rey saiu ovacionada de sua estreia em São Paulo, ao se apresentar no palco principal do festival Planeta Terra 2013, realizado neste sábado (9) no Campo de Marte. Era o que se ouvia no quesito gritos -- de homens e mulheres -- que chegavam a altos decibéis, especialmente quando ela se agachava e sensualizava no palco.

Para a cantora, tão importante quanto a música é a sua sensualidade. Ela apareceu com um vestido curto branco, como um personagem imaculado, cercada da banda completa, com cordas, e um cenário tropical, cheio de plantas.

“É uma loucura estar aqui. Vocês estiveram comigo desde o começo, eu sei disso. Vocês me lembram porque eu gosto tanto de cantar”, agradeceu, antes de apresentar um de seus primeiros sucessos, “Blue Jeans”, cantado em uníssono pela maior parte da plateia.

Lana Del Rey despontou após aparecer na internet em um vídeo que cantava provocativa, usando um short jeans curto, a canção “Video Games”. O hype em cima da nova-iorquina foi imediato e em pouco tempo ela não só lançava um disco completo, “Born To Die”, como também era questionada sobre seu passado. Jornalistas e veículos de celebridades diziam que Lana, apelido para Elizabeth Woolridge Grant, teria colocado preenchimento labial e mudado completamente de estilo musical apenas para fazer sucesso.

Sua música ficou mais ainda em segundo plano após a cantora fazer uma apresentação desastrosa, sem nenhuma presença de palco, em um programa de televisão. Quase dois anos se passaram e Lana parece ter superado qualquer dificuldade no palco e aprendido a ser a diva que tanto buscou ser.

Ela subiu no palco principal do festival sob uma onda de gritos. Logo na primeira música, “Cola”, Lana desceu lentamente até a grade. Lá, beijou, abraçou e conversou com os fãs por cerca de cinco minutos. Voltou ao palco com uma coroa de flores e a bandeira do Brasil nos ombros para cantar “Body Electric”.

Lana canta afinado, mesmo sem demonstrar muita expressão, e é carinhosa com o público -- ela voltou à grade, para o delírio dos fãs, no final, durante “National Anthem”. Cantou seus sucessos sempre do mesmo jeito. Impassível e sensual, apresentou “Whitout You”, com trecho de "Knockin' on Heaven's Door" (de Bob Dylan) e “Summertime Sadness”, esta um pouco prejudicada com o barulho do show de Beck no palco secundário.

A banda, correta, estava lá mais para manter o clima idílico do disco -- calcado no pop romântico, com pitadas de trip hop --, do que para lançar mão de virtuosismo nos instrumentos. A estrela ali foi Lana, a personagem que vive e sofre, com muito glamour, seus amores suicidas -- o que se mostrou a estratégia mais certa para o sucesso.

Travis se derrete pelo público brasileiro

Antes de Lana, os escoceses do Travis esquentaram o público no palco principal e mostrou canções do novo disco, “Where You Stand”. Embora tenha feito sucesso no Brasil entre os indies no começo da década de 2000, é a primeira vez que a banda vem ao país. “Esperamos 17 anos para tocar aqui. Levou muito tempo. Vamos nos divertir. Vamos cantar”, pediu o carismático vocalista Fran Healy logo após abrir com a nova “Mother” e emendar com um sucesso recente, “Selfish Jean”.

Fran se surpreendeu com o público, que correspondeu com braços para o alto, mesmo nas canções folk mais lentas. Em “Love Will Come Thurogh”, ele subiu na grade e cantou para os fãs mais fervorosos, que já derrubavam algumas lágrimas. Quando os seguranças tentaram descê-lo, ele pediu no microfone. “Não, up, up”, para que pudesse ser erguido novamente.

Os maiores hits vieram com “Side”, “Sing”, “Flowers in the Window” e “Why Does It Always Rain On Me?”. Para finalizar, em “Happy”, o vocalista se derreteu. “Nós somos de Glasgow, onde o pessoal não é muito caloroso. Obrigado”.