"Na Rússia é muito difícil lutar com um discurso livre", diz Regina Spektor sobre Pussy Riot
Um ano após a condenação das três integrantes da banda Pussy Riot, que foram presas em março de 2012 após fazer um protesto em uma catedral ortodoxa russa, o grupo ainda recebe apoio de artistas e motiva protestos.
Enquanto duas das três integrantes, Nadezhda Tolokonnikova, 23, e Maria Alyokhina, 24, aguardam a liberdade, uma marca de vodka foi criada por um artista de Los Angeles para debochar do governo Putin e defender as garotas. No último dia 8 de março, mulheres saíram as ruas de Moscou para relembrar o caso e pedir que pena das integrantes seja reduzida, uma vez que elas foram condenadas a dois anos de prisão pelo presidente Vladmir Putin.
No último ano, artistas como o Red Hot Chili Peppers e Madonna também reagiram à prisão das integrantes e obtiveram respostas do governo, que comentou que a mídia estava reagindo com histeria em relação ao caso.
A cantora russa Regina Spektor, conterrânea da banda apesar de tocar pop, estilo oposto, comentou o caso em entrevista ao UOL nesta quinta (14). "Como artista, eu definitivamente acho que devemos ter o direito de fazer um discurso livre. Mas na Rússia é muito difícil lutar dessa forma. Eu achei a punição muito severa. Mas também entendo que elas entraram em uma igreja, um lugar sagrado, com o rosto coberto com máscaras, as pessoas acham que vão morrer nesses momentos de medo, elas assustaram as pessoas que estavam lá. Meu coração fica em uma situação difícil, o ataque foi muito intenso, mas a punição também foi exagerada."
Nadezhda Tolokonnikova (à esq.), Maria Alyokhina e Yekaterina Samutsevich (à dir.), exibem o veredito após serem senteciadas a dois anos de prisão, no tribunal, em agosto de 2012
No fim de fevereiro, Ekaterina Samutsevich, única integrante livre, informou que vai recorrer a todos os tipos de meios legais para que suas duas companheiras sejam liberadas. Ela afirmou também que há possibilidades de que as autoridades as liberem logo.
As jovens presas estão submetidas a um estrito regime que inclui trabalhos forçados. Nadezhda Tolokonnikova foi levada ao hospital por fortes dores de cabeça e Maria Alekhina teve que ser isolada depois que suas companheiras de cela a ameaçaram.
Samutsevich conseguiu reduzir sua pena para um ano com suspensão, alegando que a detiveram tão rápido que ela não teve tempo de participar da "oração punk" na catedral de Moscou.
"Com esta situação na Rússia, em que não te deixam fazer nada, é necessário aguentar e lutar. Mas não me arrependo. Para a gente é duro seguir em frente. Fizemos isto para que outras pessoas tomem a nossa bandeira e comecem a fazer algo por conta própria", explica.
Assista ao vídeo da música abaixo e veja uma tradução da "Oração Punk":
Virgem, mãe de Deus, expulse Putin
Expulse, expulse Putin!
Roupas pretas, brasões dourados
Paroquianos rastejando e curvando-se
O fantasma da liberdade está no céu
O orgulho Gay está sendo mandado para a Sibéria acorrentado
O chefe da KGB é seu santo chefe
Leva manifestantes para prisão sob escolta
Tudo para não ofender o Santo
As mulheres têm de dar à luz e amar
Merda, merda, Merda do Senhor!
Merda, merda, Merda do Senhor!
Virgem, mãe de Deus, vire feminista
vire feminista, vire feminista
A igreja reverencia ditadores podres
A procissão de limusines pretas
Na escola você encontra um professor pregador
Vá para a aula – traga dinheiro!
O patriarca Gundyaev [bispo da igreja Ortodoxa] acredita em Putin
Puta, é melhor você acreditar em Deus
O cinto das virgens não substitui o encontro das massas
Em protesto à Virgem-Maria!
Virgem, mãe de Deus, expulse Putin
Expulse, expulse Putin!
* com informações da AFP e Reuters.
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