Topo

Fila para Slipknot no Rock in Rio tem gente virada e "máfia da grade"

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

25/09/2015 12h10

É oficial: o uniforme desta sexta-feira (25) na Cidade do Rock são as roupas pretas com estampas do Slipknot. Até por isso, quem é fã de outras bandas, como Faith no More e Nightwish, chama a atenção de longe. Com seus óculos de aros dourados, o ator e produtor Jordan Cardoso, 23, nem se importava em destoar dos companheiros de perrengue --o objetivo era repetir o feito da última semana, quando conseguiu ficar colado à grade no show do Queen.

Morador de Niterói, ele chegou às 7h20, mas não conseguiu o primeiro lugar, pois pessoas que viraram a noite já estavam na frente.

"Tenho que ficar num lugar bem específico, em frente ao teclado do palco Sunset. Amo o Tuomas Holopainen", contou o fã de Nightwish, que veio sozinho, mas logo arrumou companhia de amigos de outras filas. "Existe uma máfia da grade, acabamos encontrando sempre as mesmas pessoas, todos são super-conhecidos", disse.

Ele mostrava, orgulhoso, uma foto com o ídolo, tirada em um show em 2012. A relíquia estava guardada cuidadosamente dentro da mochila. "Nem trouxe muita coisa que é pra não amassar. Festival você não sabe nem se vai voltar vivo, né?", brincou ele, acrescentando que já foi muito mais fissurado, de chorar lendo a letra das músicas. "Hoje, no show, não posso perder tempo chorando!", contou.

A camiseta do segurança Alexsandro Coelho, 38, também denunciava que ele era minoria: fã do Faith no More, ele encarou com bom humor a situação.

"Aproveito para dar uma zoada de leve. Tenho certeza de que eles não conhecem Led Zeppelin, Scorpions, que são monstros. Eu sou velha guarda. Quando cheguei aqui, perguntei: 'Cadê a coroada que vem de Harley-Davidson?", brincou ele, que já viu a apresentação da banda de Mike Patton no festival em 1991. "Eu tinha 15 anos, vim com meu tio. Só me tornei mais fã ainda".

 

Grupo chegou na tarde de quinta

Acompanhado de um grupo de amigos, o garçom Rogério Gabriel, 17, foi um dos fãs de Slipknot que não quiseram arriscar chegar "tarde". Ele aterrissou na entrada da Cidade do Rock às 16h de quinta e penou para enfrentar as altas temperaturas.

"Tive que desenrolar com o patrão um dia de folga. Foi sinistro. Muito calor, muito mosquito, bem desconfortável. Mas também foi divertido", afirmou.

Segundo a vendedora Alda Melo, 21, a maratona nem deu direito a curtir um pouco dos shows, mesmo do lado de fora. "A tenda eletrônica é que animou um pouco", contou ela, que preparou um arsenal de biscoitos e barra de cereais para aplacar um pouco a fome.

Os amigos Rafael Soares, 23, e Wendell Raposo, 21, também passaram a noite em claro, mas nem isso foi motivo para descuidar do visual punk: uma mistura de sabonete com sabão em pedra garantia que os cabelos continuassem indefectivelmente espetados --e com uns farelos coloridos... "É bom que hidrata", brincou Rafael.

O tatuador Chrys Marangoni, 26, nem precisava de camiseta para mostrar seu amor pelo Slipknot: na pele, tem quatro tatuagens referentes ao grupo. "Gosto deles pela personalidade. Eles são a prova de que não é preciso ter um rostinho bonito para fazer uma música forte", afirmou ele, que veio direto de São Bernardo do Campo (SP) para o festival.

Por três anos, ele teve uma banda cover, mas largou porque "não dava dinheiro". "Tinha uma máscara feita pela mesma empresa que faz a deles. Foi presente da minha noiva, na época. Era importada, custou uns US$ 600", lembrou.

As amigas Amanda Gomes e Renata Vianna também capricharam na produção e mandaram fazer um macacão igual ao que os integrantes do Slipknot usam na atual turnê. Quer dizer, quase igual. "O deles é de manga comprida, o nosso é um pouco mais fresco", admitiu Amanda.