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Morte de Chorão foi causada por overdose de cocaína, diz laudo

Natália Guaratto

Do UOL, em São Paulo

04/04/2013 19h15

A morte do cantor Alexandre Magno Abrão, o  Chorão, foi provocada por overdose de cocaína, de acordo com exame necroscópico divulgado nesta quinta-feira (4). Vocalista da banda Charlie Brown Jr., Chorão foi encontrado morto em seu apartamento no dia 6 de março. Localizado no bairro de Pinheiros, em São Paulo, o apartamento foi encontrado revirado e a polícia também coletou amostras de um pó branco que parecia cocaína.

O laudo necroscópico do Instituto Médico Legal com o resultado do exame afirma que foram encontradas no corpo de Chorão 4,714 microgramas de cocaína por mililitro de sangue. A conclusão dos peritos é de que a morte foi causada por "intoxicação exógena devido à cocainemia".

A informação foi confirmada em entrevista coletiva concedida na noite desta quinta pelo delegado Itagiba Franco, diretor da Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na sede do departamento, no centro de São Paulo.

"Como nós prevíamos desde o início, não havia morte violenta, homicídio, nada desse tipo. Assim, o IML concluiu que a causa da morte foi uma dose excessiva de cocaína. Popularmente uma overdose de cocaína. Isso, aliado ao compromentimento físico que ele já vinha apresentando, tanto na parte do coração, nas artérias, como também um edema cerebral, potencializou a morte dele. Ele iria ter comprometimento de saúde fatalmente, independente da droga. Mas infelizmente essa dosagem foi letal para ele", afirmou Franco. 

"4,714 microgramas por mililitros de sangue é bastante excessivo até para uma pessoa normal que estivesse usando essa droga. Como o estado físico dele já estava bastante comprometido, para ele foi fatal", completou o delegado, afirmando que a polícia trabalhava desde o início com a hipótese de que não era um suicídio.

O exame aponta que o cantor apresentava miocárdio hipertrófico (aumento do tamanho do músculo do coração), coronarioesclerose grave (bloqueio das artérias coronárias por gordura), nefroesclerose renal (alteração no tecido do rim), edema cerebral (aumento dos líquidos no sistema nervoso central), esteatose hepática (excesso de gordura no fígado).

Os peritos também observaram hematoma nasal, escoriações no lábio inferior, no cotovelo direito e na região lombar esquerda, além de contusões no polegar direito e no pé esquerdo.

"Agora o dr. Rui Karan vai prosseguir com o inquérito, aguardando o resultado dos outros laudos. Mas para nós já está praticamente concluído. Ouvimos familiares, componentes da banda, pessoas que o acompanhavam e não há nenhum indício nesse sentido (de homicídio)", explicou o delegado. O inquérito deve ser concluído em 30 dias.

Franco, que acompanha o caso desde o início, e o delegado Rui Karan, da 1ª Delegacia (Sul) de Homicídios, receberam o laudo do Instituto Médico Legal no fim desta tarde.

Outros laudos ainda apontarão o horário da morte, estimado entre a manhã do dia 5 e a madrugada do dia 6 de março, e a composição do pó branco encontrado no apartamento de Chorão.

Em entrevista após o enterro de Chorão, Graziela Gonçalves, ex-mulher do cantor, indicou que a morte tinha relação com o abuso de drogas. "Eu lutei por ele até o final. Acabei perdendo a guerra para essa droga, que está acabando com todo mundo", declarou a estilista à época.

Investigações
Chorão foi encontrado morto na madrugada do dia 6 de março em seu apartamento no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

As investigações começaram pelo exame do apartamento e depoimentos de vizinhos e funcionários do prédio onde Chorão morava, de Alexandre, filho de Chorão, e Thaís Lima, mãe do rapaz de 23 anos, e Graziela Gonçalves, ex-mulher de Chorão, e dos integrantes da banda Charlie Brown Jr.

No entanto, esperava-se desde o início que toxicológico e a necropsia seriam essenciais para a elucidação do caso.

Biografia

Chorão -- batizado de Alexandre Magno Abrão -- formou a banda Charlie Brown Jr. na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, na década de 1990. Ele era o único integrante que permaneceu durante todas as fases do grupo, lançando nove discos de estúdio, dois álbuns ao vivo e duas coletâneas. O grupo vendeu mais de 5 milhões de discos e, em 2009, ganhou um Grammy Latino com o álbum "Camisa 10 Joga Bola Até na Chuva".

O último registro da banda é o disco ao vivo "Música Popular Caiçara", que saiu no ano passado e marcou a volta dos integrantes Marcão e Champignon à banda, que haviam deixado o grupo em 2005. A banda estava de férias e o retorno seria durante um show no próximo dia 22 em Campo Grande, no Rio de Janeiro. Um show no Credicard Hall, no dia 6 abril, em São Paulo também já estava marcado.

A vida pública de Chorão foi marcada por uma série de desentendimentos entre os integrantes da banda e com outros músicos, como a conhecida briga com Marcelo Camelo, integrante do Los Hermanos, em 2007. Chorão agrediu o cantor na sala de desembarque do Aeroporto de Fortaleza e foi detido pela Polícia Federal.

Além da carreira musical, Chorão também escreveu roteiros, como do filme "O Magnata" (2007), dirigido por Johnny Araújo, e do longa "O Cobrador", que ainda está em produção. Ele também era dono do Chorão Skate Park, em Santos, uma pista de skate indoor.

Casado há 15 anos com a estilista Graziela Gonçalves, Chorão havia se separado dela em meados de novembro de 2012, mas o casal ainda não tinham oficializado o divórcio. Ele deixa um filho, Alexandre, de 23 anos, fruto da relação com sua primeira mulher, Thais Lima.