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Saulo Fernandes diz que sistema axé está gasto e quer mudanças no Carnaval

Thays Almendra

Do UOL, em Salvador

30/01/2014 03h37

Pela primeira vez no Festival de Verão de Salvador em carreira solo, o cantor Saulo Fernandes disse, em entrevista ao UOL depois de sua apresentação desta quarta-feira (20), que é necessária uma reformulação na apresentação do axé baiano. Para ele, as recentes saídas de vocalistas de suas respectivas bandas demonstram “um novo caminho para a música”.

“A música axé não está gasta. O sistema axé é que está gasto, o camarote está gasto, o modelo está gasto”, criticou ele, que enfatiza que o ritmo ainda está vivo com novos artistas. Segundo Saulo, músicos como Levy Lima (Jammil e Uma Noites), Tomate, Filhos de Jorge, são “mais produtivos do que os veteranos”.

O cantor acredita ainda que com a saída de Bell Marques do Chiclete com Banana, Alinne Rosa da banda Cheiro de Amor, e Léo Santana do Parangolé, haverá uma “grande transformação” no cenário musical baiano. “Eu começo a ver grandes coisas acontecendo agora. Quero uma mudança no Carnaval. A música precisa se posicionar de alguma forma mais honesta”, disse Saulo.

De acordo com ele, a música deixou de ser matéria prima em um artista e passou a ser plano de fundo. “Meu sonho é que a música seja a coisa mais importante da vida de um músico. E isso se perdeu, a música ficou em quinto lugar, décimo e se ficou mais com a roupa, com o LED, com o patrocinador, com a maquiagem”, concluiu.

Sucessos e homenagens

Com coral afro e orquestra, Saulo fez um show – como sempre com roupas claras e bem  a vontade - mesclando sucessos do axé com novas músicas de sua autoria, que rementem a cultura do povo baiano.

Saulo abriu seu show com "Raiz de Todo Bem", seguido de sucessos como “Circulou”, “Rua 15” e “Rua do Sossego”. O ex-vocalista da Banda Eva também homenageou Edson Gomes e Dorival Caymmi em sua apresentação, entoando "Malandrinha" do primeiro e os clássicos “Maracangalha”  e “Samba da Minha Terra” do ícone da música baiana.