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"Musicalmente são bons, mas a mensagem é de satã", diz fã sobre banda Ghost

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio

20/09/2013 02h39

A apresentação performática e repleta de provocações à igreja da banda sueca Ghost dividiu opiniões de católicos, ateus e protestantes nesta quinta-feira (19) no Rock in Rio. Em entrevista ao UOL, houve quem considerasse a postura da banda liderada por Papa Emeritus 2º apenas uma brincadeira, mas houve também quem a considerasse uma ofensa contra os católicos e a imagem da igreja.

"Eu me incomodo. [O vocalista] que passar a imagem de que tudo isso é uma brincadeira, mas acho um insulto para o católico. Uma vez , ele disse que o show é uma missa satânica. Musicalmente são bons, misturam canto gregoriano e rock metal, mas a mensagem é de satã”, criticou Rodiney da Silva, 42, que se declara protestante.

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"É liberdade artística. As pessoas têm o direito de se incomodar, mas eu não me incomodo. Sou amante da liberdade”, disse Bruno Acioly. Eduardo Mendes, que se diz católico não praticante, concorda. “Desde que não seja uma brincadeira maldosa, eu só me incomodo se ele fizer de uma forma sarcástica.” Já Matheus Freire, de 21 anos, diz não aprovar o figurino do vocalista Papa Emeritus 2º, que reproduz características do chapéu, da túnica e do cetro usados pelos papas do Vaticano. “Acho uma ofensa. O cara está vestido de caveira com um chapéu papal. Acho que ele simplesmente quer mídia. O que bandas de rock fazem sem ser para aparecer hoje em dia?”, criticou o jovem.
 
Em meio a um público formado por uma grande maioria de homens, Juliana Vasconcelos, 26, ponderou que o que importa é o som. “O som é tão bom que ninguém se ofende. Sou católica praticante, mas não vejo maldade no que ele passa. Musicalmente a banda é boa, com uma bateria e a guitarra pesada. O pessoal não se liga muito na figura, mais no show”, destacou a roqueira.
 
Para Maurício Santana, 45, o mérito de Papa Emeritus 2º e seus asseclas no palco (os colegas músicos, que se autodenominam "ghouls", algo como monstros ou mortos-vivos) está em mostrar "como é a realidade da vida". "Todos querem ser santinhos e o mundo não é assim, eles passam o avesso”, opinou.
 
Com um visual obscuro e referências nada elogiosas à cultura cristã, o grupo sueco Ghost - ou Ghost BC, como é conhecido nos EUA - foi a segunda banda a subir ao Palco Mundo nesta quinta-feira (19), quarto dia de festival e o primeiro claramente dedicado ao heavy metal.
 
Apesar da temática sombria das músicas, o som é, curiosamente, menos pesado do que o de bandas de metal normalmente associadas com satanismo e afins. Os suecos misturam influências que vão desde o heavy metal clássico desenvolvido pelo Black Sabbath até o thrash metal atual, sempre com músicas marcadas por um tom macabro. Com apenas dois álbuns, a banda entrou para o circuito de festivais mundo afora como o Lollapalooza e o Coachella.
 
A verdadeira identidade do vocalista Papa Emertius 2º, assim como a dos demais integrantes da banda, nunca foi revelada. 
 

Primeiro dia do metal

Os shows desta quinta-feira marcaram o início das atrações mais pesadas desta edição do Rock in Rio. O destaque da noite foi a apresentação do Metallica, que voltou ao festival após apenas dois anos, com repertório que revirou praticamente toda a discografia da banda -- dos mais antigos "KIll 'Em All" (1983), "Ride The Lightning" (1984) e "Master of Puppets" (1986) a álbuns mais recentes como "Reload" (1997) e "Death Magnetic" (2008). Sucessos do chamado "álbum preto" do grupo, como "Enter Sandman" e "Nothing Else Matters", também compuseram o repertório do show, de quase duas horas de duração.

O saudosismo também deu as cartas no show dos veteranos do grunge Alice in Chains, que levaram os fãs de volta ao ano de 1992, época em que a banda lançou "Dirt", um de seus álbuns mais celebrados, que ajudou a compor o repertório da apresentação. Mesmo com um cantor novo na banda, Wlliam DuVall -- já conhecido do público brasileiro desde 2011, quando a banda tocou no festival SWU --, o Alice In Chains soube passar pela sombra da morte do vocalista Layne Staley e preservar o mesmo som, até um pouco mais pesado.
 
Principal palco do festival, o Mundo teve ainda nesta quinta os brasileiros do Sepultura, que tocaram junto com o grupo francês de percussão Tambours du Bronx, e os suecos do Ghost BC, em sua apresentação performática repleta de provocações à igreja católica que não animou muito o público da Cidade do Rock.
 
Já o Palco Sunset, cuja programação começou no início da tarde e é marcada por parcerias, trouxe as bandas Dr. Sin e República, com o guitarrista Roy Z,, além do ex-Angra Edu Falaschi, que voltou ao festival com a Almah e, empolgou o público com um cover de "Rock And Roll" do Led Zeppelin em um tributo às "raízes do heavy metal".
 

O Sunset também teve a volta do ex-Skid Row Sebastian Bach, que enfrentou problemas com o som e uma plateia mais fria. Rob Zombie encerrou o palco não apenas com seu som pesado -- que vai do thrash metal ao noise rock --, mas com seu baú cheio de referências ao universo do cinema de horror.