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Em dia minguado, fãs de Rihanna vão ao Rock in Rio só para passear

Felipe Branco Cruz<br> Marco de Castro<br> Tiago Dias

Do UOL, no Rio

26/09/2015 09h00

Quando alguém compra ingresso para ir a um festival de música, ainda mais com os valores cobrados no Brasil, é porque tem muita vontade de ver os shows, certo? Nem sempre. Circulando nesta sexta-feira (25) pelo Rock in Rio, a reportagem do UOL encontrou quem pagasse de R$ 175 (meia-entrada) a R$ 350 (inteira) para ir à Cidade do Rock com apenas um objetivo: passear.

Encabeçada pelos metaleiros mascarados do Slipknot e pelos veteranos do Faith No More, a quinta noite do festival foi a mais vazia desta edição até agora. Apesar da informação oficial de que cada um dos sete dias está com seus 85 mil ingressos esgotados, as entradas para esta sexta foram as que mais demoraram a esgotar - duas semanas. 

Muita gente que queria ver a popstar Rihanna, atração do sábado, acabou adquirindo tíquetes para ver a banda de heavy metal mascarada Slipknot, pois “era o único dia que tinha” . A noite com Rihanna teve seus ingressos esgotados em menos de uma hora.

“Eu queria muito vir ao Rock in Rio, mas meu pai só achou essa data para comprar. Eu até procurei na internet sobre as bandas que iriam tocar e não gostei de nenhuma. Queria ver a Rihanna”, disse a estudante carioca Giulietta Kohan, 15 anos, que foi ao festival acompanhada da amiga Fabiana Martins, 27.

Sem interesse por nenhuma banda do dia, Giulietta e Fabiana passearam a tarde toda pela Cidade do Rock e curtiram as atrações típicas de parque de diversão disponíveis no evento. Andaram uma vez na roda gigante, duas na montanha russa e duas no extreme – espécie de pêndulo gigante, que tem um disco giratório na ponta. “Só não conseguimos ir na tirolesa”, reclamou Giulietta, que, embora adolescente, se considera uma “veterana” do Rock in Rio. “Eu já fui às edições de 2011 e 2013, mas era muito criança e dormi durante todos os shows.”

Também do Rio, o casal formado por Leonardo Henrique, 52, e Roseana Botelho, 31, comprou os ingressos para a noite de sexta só porque era a única disponível. Segundo eles, para ter vontade de ir ao Rock in Rio, basta ser carioca. “É a primeira vez que viemos. Somos cariocas e temos que prestigiar eventos como esse”, disse Henrique. “Conheço uma musiquinha ou outra do Slipknot, mas não somos fãs”, completou.

Roseane admite que queria mesmo era assistir ao show de Rihanna. “Eu tinha uma ideia diferente do festival, mas achei muito organizado. Uma pena não conseguir comprar para a Rihanna”, lamentou. A área da Cidade do Rock preferida do casal acabou sendo a Rock Street, que reúne brinquedos, stands de marcas, lojas e karaokê. Eles contam que passearam pelas lojas e aproveitaram as opções de alimentação.

Eduardo Gomes e o filho Rafael, personagens do quinto dia do Rock in Rio - Felipe Cruz/UOL - Felipe Cruz/UOL
Eduardo Ferreira Gomes, 60, e o filho Rafael, 32, no quinto dia do Rock in Rio
Imagem: Felipe Cruz/UOL

"Sou sexy"
Já a paulista Marina Dias da Silva, 43, diz que estava lá porque nutria havia anos o sonho de conhecer o festival. "Desde 1985, eu queria conhecer", contou ao UOL. Ela, no entanto, reconhece que, se fosse para escolher, teria comprado ingresso para o dia de Rihanna. "Mas só tinha para hoje. Pelo menos eu conheço o Faith no More, da época em que eu era jovem, vai dar para cantar alguma coisa", conformava-se.

A possibilidade de pagar metade do valor do ingresso foi o que atraiu o carioca Eduardo Ferreira Gomes, 60 anos, ao festival nesta sexta. "Eu sou sexy... Sexagenário", brinca. "Paguei meia-entrada e resolvi vir", diz ele, que foi ao festival com o filho Rafael, de 32 anos, que pagou inteira. Eduardo também admite ter escolhido a quinta noite por falta de opção. Mesmo assim, diz ter gostado do line-up. "Adorei o Nightwish e quero ver o Slipknot e Faith No More. Mas eu vim só para curtir o evento”, afirmou.

O filho, Rafael, por sua vez, não demonstrava a mesma empolgação do pai. “É a primeira vez que venho ao Rock in Rio. Eu queria conhecer. Estamos aqui na Rock Street vendo o que tem, aproveitando. Não está tão cheio assim.”

Apesar desse desapego pelos shows demonstrado por parte do público, é evidente que o quinto dia do festival também reunia muitos fãs do Slipknot e Faith No More. O casal Camila Campbell, 39, e Leonardo Nei, 35, de Barra Mansa (interior do Rio de Janeiro), estava na grade do palco Mundo desde as 18h, esperando pela banda mascarada, última a se apresentar, já na madrugada de sábado. "Assistimos ao show do Slipknot em 2013, também no Rock in Rio e também da grade". Desta vez, eles levaram a filha Ana Candida, 14, que preferia ver Rihanna, mas não teve escolha.

Também colada à grade, Elaine Silva de Paula, 36, de Belford Roxo, contou que é fã do Faith No More "Em 1991, eu era criança e foi com eles que aprendi a gostar de música", disse.