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Saudando vida cigana, Gogol Bordello promove festa e faz até Lenine dançar

Mário Barra

Do UOL, no Rio

21/09/2013 19h37

Como já havia feito no ano passado durante o Lollapalooza, a banda Gogol Bordello chegou aos pulos no Palco Sunset no início da noite de sábado (21) para trazer ao Rock in Rio o melhor do "punk-cigano" que desenvolveram. Tocando logo depois de atrações nacionais como a Orquestra Imperial e ex-membros dos Novos Baianos, a banda norte-americana introduziu novos ritmos ao festival, mas sem abandonar o clima de música popular que marcou o dia até o momento.

A abertura ficou por conta da faixa "We Rise Again", que foi seguida por "Not a Crime". No palco, o bando de "ciganos" liderados pelo carismático Eugene Hütz não parava quieto, tentando empolgar um público que começou muito pequeno e foi aumentando à medida que as pessoas se desvencilhavam do efeito Skank anterior -- a banda brasileira havia acabado de tocar no Palco Mundo.

Uma das principais características das apresentações do Gogol Bordello é o clima de festa popular que a banda empresta ao ambiente, com gritos e danças que em muito lembram uma grande quermesse -- mas acompanhada por guitarras distorcidas e o bigode espesso de Hütz.

Chamando os brasileiros de "companheiros e companheiras", o vocalista puxa o coro cigano na faixa "Companera". Quem não conhecia tanto a banda acabou sendo levado pelo clima de empolgação e pulou junto, especialmente no miolo da plateia, logo à frente do palco. A sensação de "bagunça" também se fez presente quando os membros da banda começaram a correr e se misturar uns com os outros.

Com títulos de músicas que aludem à condição de quem está longe de casa, a banda está acostumada à vida na estrada e é atração constante em diversos festivais mundo afora. A lembrança da vida cigana veio à tona quando os membros da banda tocaram "Immigraniada", dedicando a canção a imigrantes em todo o mundo. Nem mesmo problemas judiciais afastaram a banda das turnês, já que as apresentações continuam a acontecer mesmo depois do ex-guitarrista Oren Kaplan processar Hütz por suspeita de evasão de US$ 500 mil.

A apresentação ainda contou com músicas como "Break the Spell" e "Wonderlust", com interrupções curtas de Hütz para agradecer ao público, sempre em português. O coro maior reapareceu com hit "Purple", com o cantor pedindo o público que começasse a usar mais roupa na cor sugerida pelo título e pela letra da canção.

Lenine e homenagem a Luiz Gonzaga

O cantor brasileiro Lenine surgiu na parte final do show, sendo introduzido por Hütz. Foi quando o tom elétrico da apresentação foi reduzido por instantes para os músicos cantarem "O Mundo", com o norte-americano acompanhando as letras com um sotaque bem aceitável. A mistura era tanta que até mesmo um homem vestido como se fosse um dançarino espanhol assumiu o microfone também.

A mistura entre Lenine e Gogol deu certo para o público, que cantou trechos curtos de músicas da Nação Zumbi -- lembrada pela segunda vez no penúltimo dia de Rock in Rio, logo depois de surgir no show de Moraes Moreira e Pepeu Gomes -- e ainda pode escutar a explicação de Hütz para a música "autobiográfica" "Malandrino". O cantor se virou para Lenine e disse, em inglês, que o nome veio depois que o começaram a chamar de malandro em uma viagem anterior ao Rio de Janeiro, antes dele ser famoso.

Por fim, ambos prestaram homenagem a Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, como o UOL já havia antecipado que aconteceria. A música escolhida para a homenagem foi "Pagode Russo", nome mais do que apropriado para resumir a mistura divertida proporcionada pelo Gogol Bordello na noite -- que foi cantarolada pelo público inteiro, que foi rumando para o Palco Mundo ao ritmo de sanfona. Quem ficou, bateu palma e seguiu 

Neste sexto dia de Rock in Rio, John Mayer e Bruce Springsteen são as atrações mais esperadas do Palco Mundo, aberto pelos brasileiros do Skank – que tocaram sucessos da carreira e tiveram convidados como Emicida e Nando Reis –, e que recebe também Phillip Phillips.

Neste sábado, o Palco Sunset abriu espaço também para os encontros de Orquestra Imperial e JovanottiMoraes Moreira, Pepeu Gomes e Roberta SáIvo Meirelles, Fernanda Abreu e Elba Ramalho. Lenine ainda vai retornar ao palco para uma apresentação solo.

"Ame ou odeie"

O Bon Jovi encerrou a sexta em marcha lenta. Sem o baterista Tico Torres (substituído de última hora) e o guitarrista Richie Sambora (já em situações de conflito há algum tempo), restou para Jon e o tecladista David Bryan defenderem os clássicos da banda. Não deu muito certo, o show estava modorrento. De diferente, estava a fã que subiu ao palco e ganhou selinho e o cover de "Start Me Up", dos Rolling Stones.

Exemplo do perfil de "ame ou odeie" que parece recair sobre as atrações do quinto dia, o Nickelback venceu as desconfianças e foi acompanhado pela plateia do início ao fim da apresentação com um repertório que alternava faixas mais pesadas como "Animals" a baladas como "Photograph" e "How You Remind Me".

Já o Matchbox Twenty ajudou a esquentar o público para o Bon Jovi cantantando sucessos radiofônicos como "3 A.M." e "Unwell" e "Push". "So Sad So Lonely", do álbum "More Than You Think You Are" (2002), com seus solos e pegada mais roqueira, foi uma das faixas que mais cativaram o público. Velho conhecido do Rock in Rio, Frejat teve a responsabilidade de abrir o Palco Mundo, com show recém-saído do forno.

No Palco Sunset, conhecido por duetos e encontros de diferentes artistas, o destaque foi o show de Ben Harper, que estreou no Rock in Rio ao lado do lendário bluesman Charlie Musselwhite. O espaço ainda recebeu apresentações The Gift e Afrolata, Grace Potter and The Nocturnals e Donavon Frankenreiter e Mallu Magalhães com a banda Ouro Negro.

A vez do rock no Rio

A segunda parte do Rock in Rio, que se estende até domingo e conta com atrações mais roqueiras e pesadas do que na semana passada, teve início nesta quinta. O destaque da noite foi a apresentação do Metallica, que voltou ao festival após dois anos, com repertório que revirou praticamente toda a discografia da banda em um show de 2 horas e 10 minutos de duração.

O Palco Mundo teve ainda os veteranos do grunge Alice in Chainsos brasileiros do Sepultura, que tocaram junto com o grupo francês de percussão Tambours du Bronx, e os suecos do Ghost BC, em sua apresentação performática repleta de provocações à igreja católica. Pelo Palco Sunset, passaram dois antigos conhecidos dos fãs de rock no Brasil: o ex-Skid Row Sebastian Bach e Rob Zombie, que já tinha vindo ao país em 1996 à frente da banda de metal White Zombie.