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Análise: Mais um dia pesado no Rock in Rio consagra ecletismo do novo metal

Alexandre Matias

Colaboração para o UOL, do Rio

25/09/2015 07h00

Se a segunda noite do Rock in Rio 2015, na semana passada, consagrou uma nova espécie de fã de heavy metal, a primeira noite da segunda metade aprofundou ainda mais este conceito. Diferente do público do último sábado, o desta quinta-feira (24) era mais jovem e menos família. Ao contrário do Metallica e Mötley Crüe, bandas dos anos 80 que reuniram diferentes gerações, o grosso das atrações dessa vez era composto por bandas que se formaram na virada do século. E havia muitas mulheres --a quantidade de casais era visivelmente maior.

É uma safra de artistas que bebe tanto do heavy metal quanto do hardcore, mas também misturam elementos de outros gêneros musicais. A síntese dos shows foi sua principal atração: o rolo compressor chamado System of a Down. Indo de passagens calmas e melódicas a britadeiras sonoras desenfreadas, o grupo era o principal motivo das pessoas lotarem a Cidade do Rock --e se a quantidade de camisetas pretas com o nome da banda não era o suficiente para determinar isso, bastou a banda subir no Palco Mundo para deixar todos ensandecidos.

E a maioria das atrações seguiu esse tom, desde o show consagrador do grupo brasileiro CPM 22, que fez a plateia cantar junto vários de seus hits do passado, à intensidade sensível de um dos pais do new metal, o grupo Deftones --cujo vocalista, Chino Moreno, subiu vestindo uma camiseta do líder dos Smiths, Morrissey, e puxou uma versão para "How I Could Just Kill a Man", do grupo de rap Cypress Hill.

Mesmo os dois grupos que mais se distanciaram desse amálgama sonoro ainda estavam envolvidos nessa nova concepção de som pesado deste século. O Queens of the Stone Age fez um show preciso, com duelos de riffs de guitarra, mas que não foi tão bem recebido pelo público, que apenas acompanhou o show e se empolgava apenas nas músicas mais conhecidas, como "No One Knows", "Sick Sick Sick" e "Go With the Flow".

Já o Hollywood Vampires, liderado por Alice Cooper, parecia estar mais para a primeira noite do festival --aquela que reuniu vários artistas fazendo cover, inclusive de si mesmos-- mas não fizeram feio. Era basicamente uma banda cover de luxo, com integrantes de grupos conhecidas (Guns N' Roses, Aerosmith, Cult) e o ator Johnny Depp (que fazia a multidão urrar quando aparecia no telão), tocando clássicos de Jimi Hendrix, The Doors, Rolling Stones, John Lennon, Led Zeppelin, The Who e até Pink Floyd, além de, claro, hits do velho Alice.

Se em termos de sonoridade pouco tinha a ver com a noite, mostraram que o ecletismo do passado --quando bandas de rock conviviam umas com as outras independentemente do estilo musical-- é parente deste atual, e por mais que as diferentes bandas possam parecer apenas um ruído intenso ao som do ouvido leigo, elas são bem mais abrangentes e ecléticas do que as gerações passadas do heavy metal e do hardcore, seus dois principais eixos de influência.

Na sexta-feira seguimos acompanhando o aprofundamento desta tendência, que não é propriamente nova, mas que no Rock in Rio ganha as massas, com os shows do Slipknot, Faith No More e Mastodon. E se você acha que a noite de hoje foi barulhenta, prepare seus tímpanos!

1 Comentário

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dhell00

Sempre penso que brasileiro não sabe falar mto bem inglês... Mas ontem vi um mar de gente cantando junto com o Serj Tankian aquelas linhas improváveis e quase que impossíveis de se cantar! rsrs Ainda fico na dúvida pra saber se de fato é só decoreba ou sabem o que tão cantando... Mas que petardo, show impecável. Josh Homme estava com a voz meio baleada ontem... Ele opta por fumar, começa a pagar o preço. Show preciso mas que não empolgou tanto... assim como o último álbum do QOTSA. Hollywood Vampires traz o peso do quilate dos integrantes, mas a qualidade do som ainda está muito aquém: muito barulho, falta de entrosamento e muitos (muitos) erros... Talvez se levado um pouco mais a sério fique melhor...

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