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Nickelback supera desconfianças e agrada fãs à espera do Bon Jovi

Mário Barra

Do UOL, no Rio

20/09/2013 22h11

Depois do Matchbox Twenty fazer o Rock in Rio voltar ao fim dos anos 1990, o Nickelback deu continuidade ao flashback nesta sexta-feira (20), com uma apresentação de forte apelo às baladas que tornaram a banda famosa. Em seu primeiro show na América do Sul, o grupo canadense serviu como um "esquenta" para a atração principal da noite, o Bon Jovi.

Com pouco mais de uma hora de duração, a apresentação começou como a de uma banda metal, com acordes pesados e caras de maus. Abrindo com "Animals", o grupo liderado por Chad Kroeger, atual marido de Avril Lavigne, tocou para um público numeroso, entregando hits melosos e bem explorados no formato de videoclipe ao longo dos anos.

Ao falar com o público pela primeira vez, Kroeger testou o conhecimento da plateia sobre a banda. Agradeceu pelo carinho e ressaltou que este é o primeiro show do grupo no festival brasileiro. Em seguida, falou sobre o disco "All The Right Reasons", explicando como o hit-balada "Photograph" fala sobre memórias passadas. Foi o suficiente para levar os fãs à loucura.

Conhecido por possuir uma legião de odiadores (os “haters”), o Nickelback não teve de enfrentar vaias e foi acompanhado pela plateia do início ao fim da apresentação, mostrando que a escalação, entre o Matchbox Twenty e o Bon Jovi --atração principal da noite --, foi acertada. "Savin Me" foi cantada em alto volume na Cidade do Rock, assim como outras baladas grudentas como "Far Away".

Bom moço piadista

O bom mocismo de Kroeger também colabora para as boas resenhas dos fãs. Em um show de rock, o vocalista canadense é daqueles que fala em "tornar o mundo um lugar melhor". Ideal nobre, já visitado por artistas mais antigos na música, mas que nem sempre é a ordem do dia para as bandas de um festival. O último dia do Rock in Rio, por exemplo, reserva shows muito distintos a esse. Depois de tocar "Stand Together", Kroeger ainda pede o carinho dos fãs para o companheiro do palco e promete voltar à cidade -- para delírio dos fãs.

O coro segue cada vez mais intenso com faixas como "Too Bad" e "Someday", tocadas do jeito que o público da banda gosta. A boa resposta dos fãs do grupo -- que extravasam na grade toda a raiva que sentem em relação às críticas -- faz Kroeger ameaçar idas à plateia, para sentir o calor.

Com intervalos para as brincadeiras no palco de Kroeger -- mais similares a uma tentativa falida de stand-up, mas com certo carisma -- o Nickelback seguiu com sua procissão de hits como "T-Shirt Cannon" e "Gotta Be Somebody". Houve espaço até para a "contestadora" "Rockstar", que traz letras que tentam criticar o status quo roqueiro.

De resto, a mesma leva de frases prontas que outras bandas também usaram no Rock in Rio: "façam barulho", "eu adoro tocar aqui" e "obrigado, Rio". Nada novo, mas certamente admirado pelo público fiel, dado o volume observado no Palco Mundo até o fim da apresentação.

Se as críticas certamente se perpetuarão no futuro, pelo menos quem não dá a mínima para elas e permaneceu até o fim no Palco Mundo foi brindado com uma das principais músicas da banda: "How You Remind Me", a síntese perfeita do show. Quem gosta vai se lembrar por muito tempo. Quem não aprecia tentará esquecer o mais rápido possível.

A atração mais esperada desta sexta-feira (20), quinto dia do Rock in Rio, é a banda Bon Jovi, que tocará sem seu baterista Tico Torres -- internado novamente para uma cirurgia e que será substituído por Rich Scannella.

O norte-americano Ben Harper, que se apresenta ao lado de Charlie Musselwhite, foi o destaque do Palco Sunset, onde também tocam The Gift e Afrolata e Grace Potter and The Nocturnals e Donavon Frankenreiter.

A vez do rock no Rio

A segunda parte do Rock in Rio, que conta com atrações mais roqueiras e pesadas do que na semana passada, teve início nesta quinta-feira. O destaque da noite foi a apresentação do Metallica, que voltou ao festival após dois anos, com repertório que revirou praticamente toda a discografia da banda em um show de 2 horas e 10 minutos de duração.

O saudosismo também deu as cartas no show dos veteranos do grunge Alice in Chains, que levaram os fãs de volta ao ano de 1992, época em que a banda lançou "Dirt", um de seus álbuns mais celebrados, que ajudou a compor o repertório da apresentação.

Principal palco do festival, o Mundo teve ainda nesta quinta os brasileiros do Sepultura, que tocaram junto com o grupo francês de percussão Tambours du Bronx, e os suecos do Ghost BC, em sua apresentação performática repleta de provocações à igreja católica que não animou muito o público da Cidade do Rock.

Pelo Palco Sunset, passaram nesta quinta-feira dois antigos conhecidos dos fãs de rock no Brasil: o ex-Skid Row Sebastian Bach e Rob Zombie, que já tinha vindo ao país em 1996 à frente da banda de metal White Zombie.

Tradutor: Burn It to the Ground