Topo

Jovanotti cai no samba com Orquestra Imperial no Palco Sunset

Tiago Dias

Do UOL, no Rio

21/09/2013 14h42

O italiano Jovanotti abriu os trabalhos do sexto dia do Rock in Rio 2013 no Palco Sunset, arriscou falar em português e caiu no samba à sua maneira. O cantor, que faz uma mistura de pop e rap, subiu ao palco de calça agarrada e mega colorida e foi, aos poucos, chamando os integrantes da big band Orquestra Imperial.

Com Nina Becker, Moreno Veloso, Kassin e uma cozinha cheia de metais e percussão, o Orquestra mostrou muito suingue com charme, que contagiou os primeiros aventureiros da Cidade do Rock. Acostumados a releituras, incluindo canções do francês Serge Gainsberg, o grupo acompanhou Jovanotti, e suou ao sambar do seu jeito peculiar em "Lugar Comum".

Os brasileiros e o italiano abriram espaço para um convidado mais especial ainda. O baterista Wilson das Neves entrou no palco para cantar "O Samba é o Meu Dom" e foi bastante aplaudido. "Quem diria, eu no Rock in Rio", brincou o músico, que já acompanhou Chico Buarque, Elis Regina e Zeca Pagodinho. Até Emanuelle Araújo, que subiu ao palco com a banda, manteve o clima do balanço com "Brasil Pandeiro".

Com o sol no talo, o italiano não se importou com o público modesto e desceu próximo à plateia para cantar seu hit "L'Ombelico del Mundo". Quem esteve lá, delirou à espera de John Mayer e Bruce Springsteen -- principais atrações do Palco Mundo, onde se apresentam ainda Skank e Phillip Phillips.

Sob um calor de 35ºC, os portões foram abertos pontualmente às 14h. Neste último fim de semana de festival, mais uma vez a correria tomou conta dos ansiosos por serem os primeiros a entrar na Cidade do Rock.

O Palco Sunset recebe ainda os encontros de Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Roberta Sá, depois Ivo Meirelles, Fernanda Abreu e Elba Ramalho e finalmente Gogol Bordello e Lenine -- que encerra a programação tocando sozinho a partir das 21h30.

"Ame ou odeie"

O Bon Jovi encerrou a sexta-feira com um show em marcha lenta. Sem o baterista Tico Torres (substituído de última hora) e o guitarrista Richie Sambora (já em situações de conflito na banda há algum tempo), restou para Jon e o tecladista David Bryan defenderem os clássicos da banda. Não deu muito certo, o show estava modorrento. De diferente, estava a fã que subiu ao palco e ganhou selinho de Jon e o cover de "Start Me Up", dos Rolling Stones.

Exemplo clássico do perfil de "ame ou odeie" que parece recair sobre praticamente todas as atrações deste quinto dia de Rock in Rio, os canadenses do Nickelback - liderado por Chad Kroeger, atual marido da cantora Avril Lavigne - são ao mesmo tempo uma das bandas que mais vendeu discos no mundo, mas também uma das mais perseguidas pelos odiadores da internet. Ao contrário do que se poderia esperar, porém, o grupo não teve de enfrentar vaias e foi acompanhado pela plateia do início ao fim da apresentação com um repertório que alternava faixas mais pesadas como "Animals" a baladas como "Photograph" e "How You Remind Me".

Já o Matchbox Twenty ajudou a esquentar o público para o Bon Jovi cantantando sucessos radiofônicos como "3 A.M." e "Unwell" e "Push". "So Sad So Lonely", do álbum "More Than You Think You Are" (2002), com seus solos e pegada mais roqueira, foi uma das faixas que mais cativaram o público, que acompanhou com palmas, enquanto o vocalista descia do palco para cumprimentar o fãs. "Procuramos por isso [tocar no Rock in Rio] durante nossa vida inteira", afirmou o vocalista Rob Thomas logo no início da apresentação.

Velho conhecido do Rock in Rio, Frejat teve a responsabilidade de abrir o Palco Mundo, com show recém-saído do forno. Encarnando um crooner romântico, o cantor e guitarrista deu o pontapé na nova turnê com o sugestivo nome "O Amor é Quente" --título de sua nova música, cujo clipe foi lançado nesta sexta-feira (20) exclusivamente pelo UOL. O tal show novo não teve tantas novidades assim. Fora a música inédita, Frejat cantou "Divino, Maravilhoso", famosa na voz de Gal Costa, "A Minha Menina", de Jorge Ben, e "Não Quero Dinheiro", de Tim Maia, além de sucessos do Barão Vermelho e Cazuza como "Malandragem", "Bete Balanço" e "Pro Dia Nascer Feliz".

No Palco Sunset, conhecido por duetos e encontros de diferentes artistas, o destaque foi o show de Ben Harper, que estreou no Rock in Rio ao lado do lendário bluesman Charlie Musselwhite. O espaço ainda recebeu apresentações The Gift e Afrolata, Grace Potter and The Nocturnals e Donavon Frankenreiter e Mallu Magalhães com a banda Ouro Negro.

Recebida com gritos de "linda" e "maravilhosa" dos fãs, Mallu agradou uma plateia formada essencialmente de jovens. Quando a Banda Ouro Preto, conhecida por acompanhar o jazzista Moacir Santos, ficou sozinha no palco, parte do público começou a dispersar.

A vez do rock no Rio

A segunda parte do Rock in Rio, que se estende até domingo e conta com atrações mais roqueiras e pesadas do que na semana passada, teve início nesta quinta. O destaque da noite foi a apresentação do Metallica, que voltou ao festival após dois anos, com repertório que revirou praticamente toda a discografia da banda em um show de 2 horas e 10 minutos de duração.

O saudosismo também deu as cartas no show dos veteranos do grunge Alice in Chains, que levaram os fãs de volta ao ano de 1992, época em que a banda lançou "Dirt", um de seus álbuns mais celebrados, que ajudou a compor o repertório da apresentação.

Principal palco do festival, o Mundo teve ainda nesta quinta os brasileiros do Sepultura, que tocaram junto com o grupo francês de percussão Tambours du Bronx, e os suecos do Ghost BC, em sua apresentação performática repleta de provocações à igreja católica que não animou muito o público da Cidade do Rock.

Pelo Palco Sunset, passaram nesta quinta-feira dois antigos conhecidos dos fãs de rock no Brasil: o ex-Skid Row Sebastian Bach e Rob Zombie, que já tinha vindo ao país em 1996 à frente da banda de metal White Zombie.