Fã do Slayer não faz a barba há mais de três anos
O mineiro Elias Ferreira chamava a atenção ao lado da namorada, Carina Guido, na fila do último dia de Rock in Rio, dedicado ao metal de Iron Maiden, Slayer e Sepultura. Ele exibe uma barba comprida, presa com elásticos, que cultiva há mais de três anos. "Viemos para os shows do Slayer, que sou fã há mais de 10 anos, e Iron Maiden. A barba eu não faço há mais de três anos e meio, é uma tradição da Black Label Society", explicou. A namorada aprova o visual. "Gosto dele desse jeito. Acho lindo", derrete-se Carina.
Neste domingo (22), sétimo e último dia do festival, sobem ao Palco Mundo Iron Maiden, Avenged Sevenfold, Slayer e Kiara Rocks. No Sunset, Sepultura volta ao festival, acompanhado de Zé Ramalho. Também passam por lá outras parcerias, como Helloween com Kai Hansen, Destruction e Krisiun e Andre Matos com Viper.
Aniversário na fila
O público que aguarda a abertura dos portões é uma dos mais animados da edição do festival. A empolgação é tanta que a multidão cantou parabéns para dois aniversariantes da fila, Samuel Mota e Gabriel Lima.
Mota tem motivos de sobra para comemorar: ele completa 19 anos neste domingo e, de presente, pretende assistir ao show do Iron Maiden bem de perto. "Não estou acreditando que estou aqui, parece um sonho", vibra ele, que foi recebido com um coro de "Parabéns" por dezenas de pessoas. "Cheguei aqui às 17h30 de ontem (sábado), foi difícil aguentar os mosquitos, mas vai valer a pena".
O webdesigner Gabriel Lima, que completou 21 anos no dia anterior, também pretende festejar no Rock in Rio. "Sou fã do Avenged desde os primeiros álbuns, em 2004, 2005. Espero que seja um show inesquecível", diz.
Reclamações
Nem tudo era confraternização no local. O mecânico Leonardo dos Santos, 24 anos, pela segunda vez no Rock in Rio nesta edição, reclamou da desordem na fila. "Na quinta-feira, a fila era única, mas depois de um tempo todo mundo se juntou ali na frente. Não tem organização, como não colocaram grade para formar uma fila, acontece isso. Por isso, quando cheguei hoje fui direto lá para a frente e fiquei do lado direito", contou ele, que é fã do Iron Maiden. "Estou animado. Desde 2001, eu ficava doido para ir a um show, mas não podia pois ainda era criança", disse Leonardo, que pagou três reais para usar o banheiro de uma barraca próximo à fila.
Sexto dia
O penúltimo dia de Rock in Rio foi encerrado com uma apresentação animadíssima - e de muito fôlego - do veterano Bruce Springsteen, que completa 64 anos nesta segunda (23). Apesar de repetir algumas estratégias já usadas em São Paulo, como abrir o show com música de Raul Seixas e cair literalmente nos braços da galera ainda nos primeiros minutos, Springsteen inovou ao executar, de ponta a ponta, todas as músicas do álbum "Born in the U.S.A", de 1984, um dos mais emblemáticos da carreira. A apresentação de quase três horas de duração teve ainda um medley de "Twist and Shout" e "La Bamba" na reta final, que não foi mostrado em SP.
Passaram também pelo Palco Mundo neste sábado dois exímios guitarristas da nova geração: John Mayer e Phillip Phillips, este último revelado no reality show musical "American Idol". Conhecido tanto pelas namoradas famosas quanto pelo talento no instrumento, Mayer fez um show digno de headliner capaz de abafar até os gritos mais ensurdecedores das fãs nas primeiras filas.
Como aconteceu em todos os dias do festival até agora, a abertura dos shows do Palco Mundo ficou por conta de uma banda da casa, desta vez o Skank. Sem lançar disco de inéditas desde 2008, os mineiros apostaram num repertório de grandes sucessos da carreira, como "Vamos Fugir", "Jackie Tequila" e "Vou Deixar", que contou com Nando Reis no palco. O rapper paulista Emicida também participou do show, que teve seu momento mais politizado no cover de "É Proibido Fumar". "Maconha é proibido, mas mensalão pode fazer de novo, né?", provocou o vocalista Samuel Rosa.
No Palco Sunset, conhecido pelos encontros, se apresentaram o cantor italiano Jovanotti com a carioquíssima Orquestra Imperial; os ex-Novos Baianos Moraes Moreira e Pepeu Gomes com a cantora Roberta Sá; e Ivo Meirelles, que recebeu Fernanda Abreu e Elba Ramalho para um show percurssivo, que também teve tom de protesto e abriu com integrantes de bateria de samba tocando o Hino Nacional com rosto coberto como black blocs e as famosas máscaras de Guy Fawkes popularizadas pelo grupo Anonymous.
O pernambucano Lenine fechou o Sunset em dose dupla: primeiro numa participação especial no show da banda de rock cigano Gogol Bordello e, em seguida, sozinho, apresentando canções de sonoridade mais "cool" como "Chão", "A Rede" e "Hoje eu Quero Sair Só".
O festival
Com Iron Maiden e Slayer entre as atrações principais, a edição 2013 do Rock in Rio termina neste domingo após sete dias de shows. A primeira semana teve shows de Beyoncé, Muse e Justin Timberlake fechando as três noites. Mais roqueira, a segunda metade do festival começou na última quinta-feira, com shows do Metallica, que voltou ao festival após dois anos, Alice in Chains e os suecos do Ghost BC, que dividiram opiniões com sua apresentação repleta de provocações à igreja católica.
Na sexta-feira, ficou com o roqueiro galã Bon Jovi a missão de encerrar a noite. O show de mais de duas horas teve ritmo arrastado e sofreu com dois desfalques: o baterista Tico Torres (substituído de última hora por causa de uma operação na vesícula) e o guitarrista Richie Sambora (demitido da banda recentemente por desavenças com Jon). Muitos fãs, no entanto, não se importaram. Uma delas subiu ao palco e até ganhou um selinho do cantor.
A sexta-feira também teve shows de Nickelback e Matchbox Twenty. No Sunset, o destaque foi o show de Ben Harper, que estreou no Rock in Rio ao lado do lendário bluesman Charlie Musselwhite.
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