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Com crise econômica e de identidade, "Lolla dos DJs" vê público encolher

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

30/03/2015 08h06

O público total do Lollapalooza 2015, de 136 mil pessoas nos dois dias de evento, segundo a organização, é o segundo menor das quatro edições brasileira do festival criado por Perry Farrell. Na comparação mais compatível, em relação ao festival no ano passado, quando os shows ganharam o atual formato fixo de dois dias, migrando do Jockey Club de São Paulo para o autódromo de Interlagos e atraindo 150 mil, a queda é de 9%. Na matemática básica, 14 mil pessoas deixaram de ir este ano ao festival.

Mas por quê? Se tivemos um bom Lolla do ponto de vista logístico e de atrações paralelas de recreação, o mesmo o line-up mostrou pouca força, comparado ao de anos anteriores. Um festival de rock, como é o Lollapallooza, pressupõe grandes atrações de rock. Tivemos bons nomes, de fato. Mas poucas bandas de peso, que atraíssem fãs especialmente dedicados e cujas marcas são capazes de sustentar um evento de tal porte.

Jack White, ex-White Stripes, e Robert Plant, ex-Led Zeppelin, seriam garantias de recorde de ingressos vendidos caso viessem com suas bandas de origem. Não foi o caso. Nem a atração principal da edição deste ano, por sinal, o cantor Pharrell Williams, dono de metade dos hits dos últimos dois anos, foi o bastante para atrair o público – não atraindo tanta gente nem mesmo dentro do autódromo, quando teve de competir com Calvin Harris e Smashing Pumpkins.

Em busca do RG

A escalação do autor de "Happy" para fechar o segundo dia mostra que o Lollapallooza ainda está em busca de seu RG brasileiro e que precisa consolidar sua vocação. O momento econômico que o país atravessa, o pior em mais de uma década, claro, é um empecilho premente para o futuro, mas é possível tirar boas lições neste ano.

Com melhor infraestrutura e serviços, o Lolla 2015 foi o dos artistas pop, mais precisamente o dos DJs. Apesar de soarem como nomes estranhos à maioria dos fãs de música alternativa, Calvin Harris e Skrillex mostraram que o festival acertou ao realocá-los da tenda de música eletrônica para um palco maior. Foram a grande sensação do evento. Das bandas, os americanos do Foster the People foram os únicos a mover montanhas e lotar o palco principal com seus hits radiofônicos.

Se por um lado a proliferação de pick-ups deixa dúvidas sobre uma identidade alternativa construída por Perry Farrell desde os anos 1990, por outro ela pode seguir como um caminho. Por exemplo: na ampliação do espaço dedicado ao eletrônico, com DJs ecléticos, que podem conviver, sim, em harmonia com a escalação de nomes roqueiros mais fortes, como Foo Fighters (que veio em 2012), Pearl Jam (2013) e, na edição do ano passado, o popular Muse.

Com o festival redefinindo seu estilo -- cada vez mais amplo e com vocação para parque de diversões--, é preciso pensar em novo perfil do público. Se, em outros tempos, bandas como Smashing Pumpkins e Radiohead seriam sinônimo de bilheterias de cheias, o futuro pode ser mais diverso, "genérico" e popular. Os anos 1990 parecem, enfim, estar ficando para trás.

52 Comentários

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Thiago KOF

Porque será,né... Demorou para outro festival do Rock assumir o posto de numero 1 da galera. E pelo jeito o Monsters of Rock pode assumir o lugar do Lollapalooza.

Danillo Paim

Fui em todas as edições do Lolla no Brasil, mas essa ultima... R$10,00 pra comprar um copo de chopp que era metade espuma, quente, fila pra comprar fichas fila pra pegar a bebida, agua ate a canela na entrada dos banheiros, que era sempre 15 minutos pra chegar. Poucos seguranças, bilheteria longe quase 1km da entrada, transito pra chegar, pra sair... Basicamente os mesmos erros de sempre, me senti um otario de pagar oq eu paguei e ter que passar nervoso pra tudo... NUNCA MAIS