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Marky Ramone celebra legado da antiga banda ao lado de ex-Misfits

Mário Barra

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/09/2013 16h38

O já batido "hey ho, let's go" não poderia faltar quando Marky Ramone subiu ao Palco Sunset na tarde deste sábado (14) durante o segundo dia do Rock in Rio 2013. Até mesmo o próprio baterista puxou o coro, antes da primeira música, que abriu a segunda atração do Palco Sunset, logo depois do baile-punk do Autoramas ao lado de B-Negão.

A abertura ficou por conta da faixa "Rockway Beach", a primeira de uma série de clássicos que se seguiram, músicas que revisitaram toda a carreira de uma das principais bandas da história do rock, o Ramones.

A empolgação do público deixou a desejar no início. Michale Graves, cantor que teve a amarga missão de substituir Glenn Danzig no Misfits -- para a ira dos fãs da banda da tradicional banda de horror punk -- bem que tentava pular e não deixava espaço entre uma música e outra. O vocalista tentava manter a típica rapidez do Ramones, grupo guiado pela lógica de simplesmente tocar, faixa atrás de faixa, sem respiro.

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Já a mão de Marky parece a mesma de sempre: nunca descansando, sempre rápida para acertar o chimbau. Mesmo com o discreto lugar atrás da bateria, o Ramone se faz notado pelo ritmo característico das músicas de sua ex-banda, as quais ele ainda executa de forma única.

Logo na primeira parte da apresentação, houve espaço para uma versão 220 volts de "Do You Wanna Dance", de Johnny Rivers. Mais tarde, outro clássico da música, "What a Wonderful World", também recebeu um cover punk.

Em seguida, faixas mais famosas do Ramones como "Sheena is a Punk Rocker" e "Rock 'N' Roll High School" foram mescladas com canções menos conhecidas. No começo, o público presente somente vibrava ao término das faixas, mas conforme a apresentação prosseguiu, tanto o palco como os fãs começaram a se soltar, com direito a rodinhas na parte final do show -- que durou menos de uma hora.

Ramones e o Brasil
A turnê "Marky Ramone Blitzkrieg" leva o legado do Ramones para todos os lugares do mundo e já contou com muitas participações especiais.

Marky Ramone mantém essa rotina já há algum tempo. Somente no Brasil, o baterista já se apresentou ao lado dos gaúchos do Tequila Baby e já veio até mesmo com a banda The Intruders, no começo da década de 2000. Outros membros do grupo -- alguns já falecidos como Dee Dee Ramone -- também estiveram no país nos últimos 15 anos.

Graves à vontade
Michale Graves, aos poucos, foi se soltando no palco e chegou a descer à área reservada para fotógrafos para interagir de perto com os fãs na grade.

Também brincou com o guitarrista, tentando colocar seu chapéu na cabeça dele. Não só o chapéu como a voz lembram muito o estilo que Graves impregnou em sua figura artística durante a época do Misfits -- incluindo pulinhos com perna separada.

Somente no centro do show é que a animação da plateia começou a aumentar bastante, já na parte final do show, especialmente durante faixar como "KKK Took My Baby Away" e "Pet Cemetery".

Antes do encerramento, Graves assumiu sozinho o violão e apresentou baladas que destoaram bastante do ritmo "Ramones" que havia sido estabelecido até minutos antes. O público reagiu e foi possível ver algumas pessoas deixando o palco.

Mas quando menos se esperava, o legado do Misfits também foi clamado no palco -- ainda que seja a parte que fãs antigo torçam o nariz. Marky Ramone voltou ao palco para tocar "Dig Up Her Bones", música do álbum "American Psycho", lançado pelo Misfits no revival da banda em meados da década de 1990.

Para fechar a sessão nostalgia, Marky finalmente entregou aos fãs o que eles pediam desde o início: a inevitável "Blitzkrieg Bop", que trouxe de volta o "hey, ho" ao Rock in Rio, sugerindo um dia bem mais roqueiro do que a abertura do festival, na sexta-feira.

Camisetas e "fãs"
A reportagem do UOL testemunhou muitas pessoas com camisetas dos Ramones durante a apresentação. Mas quando interpeladas sobre quais músicas conheciam e sobre o que estavam achando de ver um ex-integrante de carne e osso a poucos metros de distância, nenhuma delas parecia compreender a pergunta.

Parte do público também vestia camisetas do Offspring, banda diretamente ligada à herança criada pelos Ramones na década de 1970 e que vai se apresentar no Palco Sunset no final da tarde.

Segundo dia
No início da tarde, a fila nas portas de acesso para o festival e o aumento do calor davam a tônica de um dia mais agitado para o Rock in Rio, mais voltado para o rock.

A principal atração da noite será a banda britânica Muse, que fechará os shows no Palco Mundo. O mesmo local vai receber apresentações das bandas 30 Seconds to Mars e Capital Inicial, além da cantora Florence Welch e os músicos do The Machine.

O evento

A quinta edição brasileira do Rock in Rio começou na sexta e vai até o dia 22 de setembro. Mais de 160 artistas irão se apresentar em cinco espaços diferentes, divididos entre os sete dias de programação. Quase 600 mil pessoas estão sendo esperadas durante o festival, com uma média de 85 mil espectadores por dia.

O primeiro dia do evento teve shows de Maria Rita, Living Colour,  DJ David GuettaIvete Sangalo e Beyoncé, entre outros, e uma homenagem ao cantor Cazuza.

David Guetta foi um dos destaques da noite, mantendo a empolgação de um público interessado em curtir a dobradinha de divas: Beyoncé e Ivete Sangalo. Com um show com pirotecnias e luzes não necessariamente recentes, mas ainda impactantes, o DJ francês ganhou o público no principal palco do festival.