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Menos badalada, Muse convence como banda principal no 2º dia do Rock in Rio

Mário Barra

Do UOL, no Rio

15/09/2013 00h11

Menos conhecida do que as outras bandas de encerramento dos sete dias de Rock in Rio 2013, o Muse provou na madrugada deste domingo (15) o motivo de ter sido escolhida para a tarefa de fechar a segunda leva de shows do festival. Com um rock de arena que conta com elementos de música indie, sons progressivos e efeitos de distorção estridentes, o trio britânico pode não ter levado tanta gente ao Palco Mundo como Beyoncé, mas conseguiu convencer o público com um show de alto nível, mesmo depois de uma noite repleta de apresentações intensas como a do Thirty Seconds to Mars e do Offspring.

Desde a abertura com os acordes fortes de "Supremacy" --faixa do álbum "The 2nd Law", lançado em 2012 -- o grupo britânico já conquistou o público presente. Afinado como de costume, o vocalista Matthew Bellamy mostrou estar bem à vontade. Esfregando o corpo da guitarra equipada com efeitos especiais, correu por todo o palco e animou a plateia durante o hit "Supermassive Black Hole".  

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Em "Hysteria", o ritmo empregado pelo baterista da banda tornou as faixas do Muse pesadas e dançantes ao mesmo tempo, com abuso do som dos pratos, o que colabora para uma apresentação ainda mais convincente. O clima de pista de dança seguiu em pauta com "Panic Station".

Mesmo sem falar muito, Bellamy seguia carismático, pulando durante os riffs, caminhando por toda parte com sua guitarra durante "Plug in Baby". Bellamy também se dava ao luxo de alguns momentos de rock star, com direito a se ajoelhar com a guitarra e erguer as mãos ao alto -- como se estivesse em êxtase -- e muita energia no trecho final e pesado de "Stockholm Syndrome".

Vindos de helicóptero até o Rock in Rio, os integrantes da banda britânica Muse trouxeram ao Palco Mundo um repertório voltado ao universo indie para encerrar o segundo dia de shows do festival em 2013.

Entre os fãs do Muse está o astro Brad Pitt, que recentemente escolheu uma faixa do grupo para servir com trilha sonora do filme "Guerra Mundial Z". Segundo o ator, a música "The 2nd Law: Isolated System" o lembrava do filme "O Exorcista", clássico do cinema de terror lançado em 1973.

A banda também é a preferida de Stephenie Meyer, escritora dos livros da saga "Crepúsculo", que chegou a dizer que se inspirou na sonoridade do grupo para desenvolver o romance dos vampiros, lobisomens e humanos. Os três filmes da série nos cinemas trazem músicas do Muse na trilha sonora oficial.

Florence e Thirty Seconds
A barulheira do Muse foi precedida, minutos antes, por uma espécie de cerimônia relgiosa pop entre a cantora britânica Florence Welch e os fãs da banda Florence + The Machine.

Usando um vestido azul longo e translúcido e cantando sobre futuro, força interior e superação, Florence transformou o palco em altar, com direito a coro e até choro de um grupo de fãs-fiéis.

Ao som do hit motivacional "Dog Days Are Over", a apresentação foi encerrada com pedidos da cantora para o público:  "Pulem o mais alto que conseguirem".

Igualmente magnética, mas aparentemente para um público de meninas mais novas, foi a passagem de Jared Leto e seu Thirty Seconds to Mars pelo Palco Mundo. O vocalista e ator do filme "Réquiem para um Sonho"  apareceu de sobretudo preto e os cabelos mais longos e claros, diante de uma histeria incessante das fãs.

Em um espetáculo que incluiu performance circense e até um "voo" de tirolesa, Leto soube segurar o público, ainda que tenha abusado dos chavões. Mandou um "o Brasil é um dos melhores lugares do planeta", sacudiu uma bandeira de nosso país, vestiu uma camisa da Seleção - assim como todo o grupo -, elogiou o açaí e ainda mostrou que usava uma camiseta com os dizeres "I love Rio".

A misè-en-scene acompanhou músicas da mistura de pop e rock da banda que funcionam para grandes massas,
como "Do or Die", "City of Angels" e "Night of the Hunter".

Punks e homenagens

O segundo dia de Rock in Rio também trouxe opções para roqueiros veteranos, concentradas no Palco Sunset. Com diversas passagens pelo Brasil, os californianos do The Offspring promoveram um revival do punk rock anos 90, resgatando sucessos como "All I Want", "Come Out and Play" e "Bad Habit". Antes deles, Marky Ramone e Michael Graves, ex-Misfits, fizeram uma viagem às origens do punk, revisitando clássicos dos Ramones como "Rock Away Beach", "Sheena is a Punk Rocker" e "Rock 'N' Roll High School".

O clima de homenagens também contagiou a passagem das bandas brasileiras pelo festival neste sábado. Em apresentações que misturaram rock e política, a Capital Inicial emocionou fãs ao tocar uma música de Charlie Brown Jr. para lembrar as mortes recentes de Champignon e Chorão e o Detonautas Roque Clube recebeu convidados para um show só de covers de Raul Seixas.

Tico Santa Cruz, que usava uma camiseta onde se lia "Senado Federal, Vergonha Nacional", sugeriu que, se estivesse vivo, Raul Seixas teria participado das recentes manifestações políticas no país. Dinho Ouro Preto, por sua vez, protestou contra o escândalo do deputado Natan Donadon e emendou a faixa "Saquear Brasília". "Quando neguinho olha lá de Brasília o resto do país e vê 200 milhões de brasileiros na planície, vê eles assim", disse, colocando um nariz de palhaço.

O evento

A quinta edição brasileira do Rock in Rio começou na sexta e vai até o dia 22 de setembro. Mais de 160 artistas irão se apresentar em cinco espaços diferentes, divididos entre os sete dias de programação. Quase 600 mil pessoas estão sendo esperadas durante o festival, com uma média de 85 mil espectadores por dia.

O primeiro dia do evento teve shows de Maria Rita, Living Colour,  DJ David GuettaIvete Sangalo e Beyoncé, entre outros, e uma homenagem ao cantor Cazuza

David Guetta foi um dos destaques da noite, mantendo a empolgação de um público interessado em curtir a dobradinha de divas: Beyoncé e Ivete Sangalo. Com um show com pirotecnias e luzes não necessariamente recentes, mas ainda impactantes, o DJ francês ganhou o público no principal palco do festival.

Ivete Sangalo comandou os momentos mais animados da noite. Acompanhada de 12 músicos e seis bailarinos, a baiana mostrou no Palco Mundo um show inédito no embalo do disco "Real Fantasia", lançado no ano passado.

Beyoncé encerrou o primeiro dia de Rock in Rio já na madrugada do sábado (14) com o público na mão, efeitos no palco e muita jogação de cabelo.
Com a maquiagem pesada, a diva pop abriu sua apresentação com "Run The World (Girls)", emendado com "End of Time", hits de "4", seu disco mais recente. O show teve direito até a "Passinho do Volante (Funk do Lelek)", hit do MC Federado e os Lelekes.