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Fãs de Charlie Brown Jr. fazem homenagem a Champignon no IML

Tiago Dias*

Do UOL, em São Paulo

09/09/2013 08h36

Fãs da banda Charlie Brown Jr. foram ao Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo prestar homenagem ao músico Luiz Carlos Leão Duarte Junior, de 35 anos, o Champignon, na manhã desta segunda-feira. O baixista foi encontrado morto no início da madrugada em seu apartamento no Jardim Caboré, na zona oeste de São Paulo. 

Tony Félix, de 24 anos, era um dos que segurava uma faixa com os dizeres "Família CBJR #LUTOETERNO!". "Ninguém está entendendo. Aqui é família. Eu toco bateria por causa do Charlie Brown. Já chorei tanto, não tenho mais lágrimas para chorar. Não sei por que ele fez isso", disse o estudante.

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Champignon será sepultado no Cemitério Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, onde o ex-colega de banda Chorão foi enterrado. O velório do músico começará às 19h desta segunda-feira, aberto aos fãs. Depois, será fechado para familiares e amigos. O sepultamento será na terça, às 15h.
 
A irmã de Champignon, Danielle, chegou ao IML acompanhada de Fred e Emanuel Rezende, cunhado e tio do baixista pouco antes das 11h, e não falou com a imprensa. 

Segundo a delegada Milena Suegama, do 89º Distrito Policial de São Paulo, o músico deu dois disparos com uma pistola 380. O primeiro tiro teria sido um teste e foi feito em direção ao chão, e o segundo foi do lado direito da cabeça.

A polícia trabalha com a hipótese de suicídio. Ao longo da manhã, a delegada esteve no local e ouviu familiares e vizinhos do músico. Muito nervosa, a mulher, Cláudia Campos, contou que discutiu com Champignon no restaurante onde jantaram com um casal de amigos, mas declarou que o marido não era um homem agressivo e não usava drogas ou medicamentos controlados. 

O inquérito para investigar o caso já foi aberto. O síndico do prédio esteve na delegacia para entregar imagens das câmeras de segurança. Em entrevista ao "SPTV", da Rede Globo, ele admitiu que uma imagem pode levantar suspeita de agressão. "Prefiro não comentar. Eu vou deixar por conta da doutora [delegada]", declarou Gino Castro.

A pistola, outra arma, celulares e computadores foram apreendidos. Familiares disseram à polícia que o músico estava chateado com a imprensa, por conta das críticas negativas sobre a nova banda, A Banca. 

Uma equipe do Samu foi ao local e encontrou Champignon morto com um tiro na cabeça e com uma pistola na mão. Segundo as primeiras informações levantadas no local, o tiro teria sido na boca, mas a delegada afirmou que o disparo foi ao lado da cabeça. 
 
A mulher do músico, grávida de cinco meses, foi levada para um hospital em estado de choque por volta das 2h30 e liberada às 6h40. Champignon tinha ainda uma filha de 7 anos, que segundo um tio está com a mãe e já sabe da morte. 
 
Segundo informações apuradas pelo jornal "Folha de S. Paulo", um vizinho ouviu o barulho do tiro e esteve no apartamento de Champignon no começo da madrugada.
 
O corretor de imóveis Alexandre Banaion relatou que ouviu um barulho de tiro vindo do apartamento do músico por volta da meia-noite, seguido de gritos da mulher e latidos do cachorro do casal. Ele foi até o apartamento, onde encontrou a mulher do músico chorando e gritando "Amor, você não fez isso".
 
"Foi horrível, vi o Champignon caído com um tiro na boca e uma arma na mão. Havia muito sangue espalhado", disse o Banaion à "Folha".
 
Comunicados das bandas
Comunicados nas páginas oficiais das bandas Charlie Brown Jr. e A Banca no Facebook informaram a morte do músico e agradeceu o carinho dos fãs: "A Família Charlie Brown Júnior comunica, com pesar, o falecimento do baixista Champignon, que participou de grande parte das formações da banda. Desde já agradecemos todas as manifestações de apoio dos fãs neste momento doloroso, e externamos nosso apoio à esposa, filha e todos os demais familiares", dizia o texto na página do Charlie Brown, primeiro a ser publicado.
 
Assim que a notícia da morte do músico foi espalhada na internet, o nome de Champignon ficou em primeiro lugar no Trending Topics (assuntos mais comentados) do Twitter. Músicos, fãs e amigos manifestaram surpresa e fizeram homenagens ao músico.

Júnior Lima, que foi companheiro do baixista na banda Nove Mil Anjos, disse estar em choque. "Acordei agora c a noticia do champ!!! To em choque!!!!! Perdi mais um irmao!!!!!!!! Nao to conseguindo acreditar!!!! Pqp!!!! Alguem sabe o pq?? Se ele deixou algum recado?? O q q aconteceu??? To perdido aqui sem informaçoes!!! NAO CONSIGO ACREDITAR!!!!!", escreveu no microblog.

O caso ocorre seis meses após a morte de Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr., no dia 6 de março, em São Paulo. O laudo apontou overdose de cocaína como a causa da morte do cantor. Em maio, outro músico que tocou com Champignon, Peu Sousa, foi encontrado morto enforcado com um cinto amarrado no pescoço.

Na época, Champignon disse não saber por que o amigo se mataria e disse acreditar que ele havia "perdido a fé". "Estou muito triste. Exatamente dois meses após a morte do Chorão, vem o Peu. Que ano!", disse ele. E acrescentou: "Não sei porque ele faria isso, mas acredito que ele perdeu a fé em viver. Se a pessoa vive sem fé, não importa se é em alguma religião ou em outra coisa, não tem como continuar".

Trajetória
Com apenas 12 anos de idade, Luiz Carlos Leão Duarte Junior, o Champignon, entrou para a música como baixista logo após conhecer Chorão. Juntos, eles formaram a banda What's Up. Posteriormente, Chorão e Champignon convidaram o baterista Renato Pelado, que vinha de bandas conhecidas de Santos. Mais tarde, Marcão e Thiago Castanho completaram a primeira formação da banda Charlie Brown Jr., que ainda não levava o nome oficial.

Em 1993, a banda começou a se destacar e Chorão procurou o produtor musical Rick Bonadio, que gostou do som e os contratou. Na época, Champignon era menor de idade e sempre que a banda se apresentava em casas noturnas, era necessária uma autorização judicial para que o jovem baixista acompanhasse o grupo.

Entre 1999 e 2006, a banda Charlie Brown Jr. conquistou espaço na mídia e se tornou conhecida por todo o Brasil. No entanto, Champignon e Chorão tiveram algumas desavenças. Em 2005, o baixista deixou o grupo. Em 2009, junto com o cantor Júnior Lima, irmão de Sandy, eles fundaram a banda Nove Mil Anjos

Já em 2011, Champignon retornou ao Charlie Brown Jr. Ele fez parte da gravação do CD e DVD "Música Popular Caiçara", que foi lançado em março de 2012. Permaneceu na banda até o seu final – quando, em março deste ano, Chorão morreu de overdose de drogas. 

Após 22 anos de Charlie Brown Jr., visando eternizar a formação original da banda, Champignon, Graveto, Marcão Britto e Thiago Castanho decidiram que deveriam manter a união e deram continuidade à carreira da banda que traz um novo nome e nova formação. O projeto foi batizado como A Banca e Champignon assumiu os vocais.

Em abril, durante a participação do grupo no "Altas Horas", Champignon falou com exclusividade para o UOL sobre  voltar à cena: "Se ficássemos em casa, morreríamos também. Temos que ir para a estrada, precisamos disso. É a nossa vida. Por que a gente iria ficar trancado em casa, se a gente gosta mesmo é de tocar?", enfatizou.

 
Último show e novo disco
O último show da banda A Banca ocorreu no dia 23 de agosto, na Fantastic Chopperia, em São Vicente (SP). A apresentação foi em homenagem a Chorão, com participações especiais, como a do irmão do vocalista do Charlie Brown, Fábio Abrão.
 
O próximo show estava marcado para o dia 21 de setembro, em Recife (PE). No dia 3 de outubro, Champignon se apresentaria com A Banca em uma nova homenagem ao ex-companheiro de banda, ao lado de outros nomes da música nacional, como Samuel Rosa, Dinho, Marcelo D2, Falcão e Rogério Flausino.
 
Um disco com músicas inéditas do Charlie Brown Jr. será lançado ainda neste mês. Chorão já havia gravado todas as vozes do trabalho, mas a finalização foi feita depois de sua morte. O disco tem 13 faixas, com produção de Tadeu Patolla, que já participou de álbuns anteriores da banda santista. 
 
*Colaborou Mariane Zendron
 

9 Comentários

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Copacarioca

Mais um da mesma banda que se foi. Confesso que não sou fã do trabalho dos caras, mas não se pode ignorar que, da trajetória feita até agora, três do mesmo grupo partiram. Seria até prematuro eu falar sobre os motivos da morte e as circunstâncias em que a ocorrência se deu, afinal, a polícia (à qual cabe a devida apuração através de instauração de inquérito) ainda está tateando sobre o acontecimento, já que é necessário o resultado dos exames periciais de local, de arma, de munições, de digitais (teve gente no local antes da equipe policial), enfim, de qualquer outro objeto que, porventura, foi arrecadado na residência e que poderá auxiliar como prova e, também, do exame de necrópsia no cadáver. Até a liberação dos laudos a autoridade policial toma por termo as oitivas de possíveis testemunhas, principalmente da esposa do rapaz. Pelo que consta ela está em estado de gestação. Triste fim. Aos familiares, minhas condolências.

CMDT HELINHO

Meu! Os caras estão se matando, Chorão, Peu, e agora esse rapaz, jovens, com saúde, trabalhando no que gostam. Tantas pessoas doentes querendo viver! Vai entender!

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