Sob salva de tiros e pétalas de rosas, corpo de Dominguinhos é enterrado em Pernambuco
Sob salva de tiros, chuva de pétalas rosas e aplausos dos fãs, o corpo de Dominguinhos foi enterrado às 18h48 desta quinta-feira (25) no cemitério Morada da Paz em Paulista, na Região Metropolitana de Recife.
O compositor morreu nesta terça, por complicações cardíacas e infecciosas, aos 72 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ele lutava contra um câncer no pulmão e fazia sessões de quimioterapia havia seis anos.
Centenas de fãs e a cantora Elba Ramalho acompanharam o cortejo, que seguiu da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) até o cemitério. O trajeto foi feito em um caminhão do corpo de bombeiros e teve duração de cerca de 2h. Pouco antes do enterro, os fãs cantaram repetidas vezes a música de Luiz Gonzaga "O Forró no Escuro". A letra diz: "O candeeiro se apagou. O sanfoneiro cochilou. A sanfona não parou".
Pouco antes do enterro, Elba Ramalho compareceu ao velório e cantou a música "Asa Branca" também de Luiz Gonzaga. Além da cantora, compareceram para prestar as últimas homenagens Geraldo Azevedo, Alcimar Monteiro, Cezzinha, Cristina Amaral, Nando Cordel, Genival Lacerda e Israel Filho.
Mais cedo, fãs e amigos do cantor e compositor Dominguinhos prestaram homenagens ao artista no velório na Alepe. Ao longo da manhã, sanfoneiros tocaram alguns dos grandes sucessos do músico, e um padre rezou uma missa de 40 minutos em sua memória.
Um grupo de fãs aguardava desde as 3h da manhã a abertura da casa para poder acompanhar o velório do pernambucano. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, decretou luto de três dias no Estado em virtude da morte do artista.
Velório em São Paulo
Nesta quarta-feira, o corpo do pernambucano foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo durante a manhã e parte da tarde . Durante o velório, Dominguinhos recebeu um Grammy latino póstumo pelo disco "Iluminado". O prêmio foi concedido em 2012 mas só foi entregue nesta quarta para a viúva do músico, Guadalupe Mendonça.
Artistas como Roberta Miranda e Frank Aguiar compareceram ao local para se despedir do músico. "O Brasil está de luto e triste. Dominguinhos foi um dos maiores músicos, nos ensinou muito, principalmente na parte humana. Era uma pessoa muito afável e querida, rico de alma. Todos os músicos brasileiros, e ninguém dirá ao contrário, amam o Dominguinhos", afirmou Aguiar.
Roberta Miranda, que fez parcerias com Dominguinhos durante a carreira, afirmou que não teve coragem de ver o corpo do sanfoneiro durante o velório, mas que decidiu comparecer para prestar solidariedade à família.
"Meu pai não tinha defeito"
Muito emocionado, o filho do cantor e compositor Dominguinhos, Mauro da Silva Moraes, lamentou a morte do pai. "Meu pai não tinha defeito, não", afirmou, citando as características do músico que mais o marcaram. "Eu só guardarei coisa boa dele, era generoso demais", disse ao UOL na noite de terça.
Nascido em 1941, José Domingos de Morais, o Dominguinhos, veio de uma família humilde de Garanhuns (PE) e herdou os dotes musicais de seu pai, Chicão, que era sanfoneiro. Com seis anos de idade, aprendeu a tocar sanfona e ia a feiras livres para arrecadar dinheiro.
Quando criança, ele formou o trio Os Três Pinguins com seus dois irmãos Moraes (sanfona) e Valdomiro (malê, uma espécie de zabumba). Aos nove anos, já era proficiente em sanfonas de 48, 80 e 120 baixos. Logo depois, ele conheceu Luiz Gonzaga na porta de seu hotel. O músico ficou impressionado e chamou Dominguinhos para ir ao Rio de Janeiro. Mais tarde, ele fez parte da equipe de Luiz Gonzaga e foi reconhecido por cantores da Bossa Nova, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Elba Ramalho e Toquinho.
A cantora pernambucana Anastácia fazia parte do grupo de Gonzaga e não demorou a fazer parte da vida de Dominguinhos. Os dois iniciaram uma parceira dentro e fora dos palcos, que os levou ao casamento.
No entanto, o casamento com Anastácia não deu certo e Dominguinhos acabou se envolvendo com outra cantora, também pernambucana, Guadalupe. Os dois se casaram e a festa contou com convidados ilustres como Luiz Gonzaga e Genival Lacerda.
O primeiro disco de Dominguinhos foi "Fim de Festa", lançado em 1964". O último foi "Yamandu + Dominguinhos", em 2008. Ao longo dessas décadas de carreira, lançou dezenas de discos.
Em 2002, Dominguinhos foi vencedor do Grammy Latino com o CD “Chegando de Mansinho”. Já em 2010, ele foi vencedor do Prêmio Shell de Música.
Entenda o quadro de saúde
Dominguinhos deu entrada no hospital Hospital Santa Joana, em Recife, no dia 17 de dezembro, com arritmia cardíaca e infecção respiratória. No dia 22, precisou passar por uma cirurgia para a colocação de um marca-passo cardíaco temporário por conta da arritmia.
O cantor foi submetido a uma traqueostomia e hemodiálise. Dominguinhos ficou sem sedação e, mesmo assim, não se comunicava com a família e médicos. No dia 8 de janeiro, ele sofreu uma parada cardíaca no hospital, que foi revertida. A pedidos dos familiares, no dia 13 de janeiro, Dominguinhos foi transferido para o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo.
Em março, Mauro chegou a declarar que o quadro do pai era irreversível. A família já havia sido informada do estado de saúde do músico havia alguns meses, mas somente nessa época Mauro decidiu divulgar a informação, em respeito aos fãs.
"Estava tentando resguardar meu pai, mas essa é uma informação que as pessoas precisam saber. Dominguinhos é uma pessoa pública e adorada no Brasil inteiro. Muitas pessoas me perguntavam sobre meu pai e acho que chegou a hora de falar", disse ao UOL.
Diagnosticado com câncer de pulmão havia seis anos, Dominguinhos sofreu um princípio de infarto no início de 2011, quando foi internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele foi submetido a um cateterismo e a uma angioplastia. Por conta de seu estado de saúde, começou a cancelar shows no final de 2011.
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