Opinião: Segundo dia de Rock in Rio dá esperança ao rock de guitarras
Não existe unanimidade no rock. O Muse sabe disso. Protagonistas de uma já manjada relação de amor e ódio entre os admiradores do gênero, a banda de Matthew Bellamy, no entanto, abriu um precedente positivo durante o show deste sábado (14) no Rock in Rio 2013: há esperança para o rock de guitarras.
Entre dois dias entregues à música pop (Beyoncé na sexta e Justin Timberlake no domingo), o Muse fechou a segunda noite do festival com um público numeroso nas mãos, ainda que menos conhecidos entre os headliners da programação. Junto com air guitars, meninos e meninas dividiam os vocais com a banda a plenos pulmões, provavelmente alcançando os decibéis mais altos das plateias do festival até agora.
Para quem reclama de que de rock o Rock in Rio só tem o nome, o Muse representou a classe com seu meio heavy metal, meio ópera, incluindo todo excesso que o gênero dá direito, refletindo as incursões no caos do universo e do apocalipse onde mergulha o líder do Muse. Guitarras estridentes, riffs rasgados, solos intermináveis, estava tudo lá, sendo bem aceito até pela moçada que só conhece a banda como trilha sonora da saga "Crepúsculo".
Diferente de outro fenômeno curioso do evento: diversas meninas vestindo a clássica camiseta dos Ramones e circulando por todos os lados da Cidade do Rock, mas bem longe do palco onde Marky Ramone tocava na mesma hora.
Na outra ponta da programação deste sábado, os cariocas do Autoramas iniciaram as atividades do dia com outro tipo de rock de guitarras: feito para dançar. No Palco Sunset, a banda que há 15 anos segue na dianteira da cena roqueira independente do Brasil também colocou suas músicas --e de outros, como "Surfin' Bird" que ficou conhecida na versão dos Ramones-- na boca da galera.
Entre as duas atrações, de ponta a ponta, passaram pelos palcos outros amantes da guitarra em pesos diferentes: a banda de Marky Ramone com seus poucos acordes, o Offspring e suas composições urgentes e os brasileiros do Capital Inicial que já deram à música alguns riffs memoráveis. A plateia aprovou e o festival acertou.
O domingo no Rock in Rio volta ao pop. Ao lado de Timberlake estarão Jessie J, Alicia Keys e Jota Quest. O rock tira folga e retorna na semana que vem.
O evento
A quinta edição brasileira do Rock in Rio começou na sexta e vai até o dia 22 de setembro. Mais de 160 artistas irão se apresentar em cinco espaços diferentes, divididos entre os sete dias de programação. Quase 600 mil pessoas são esperadas durante o festival, com uma média de 85 mil espectadores por dia.
A programação deste sábado (14) foi encerrada pelos britânicos do Muse, com seu rock de arena que mistura elementos de música indie, sons progressivos e efeitos de distorção estridentes. Com hits como "Supermassive Black Hole" cantados em coro pelo público, a banda favorita da escritora Stephenie Meyer, dos livros da série "Crepúsculo", conseguiu convencer com um show de alto nível mesmo depois de uma noite repleta de apresentações intensas como a do Thirty Seconds to Mars e de Florence + The Machine.
O segundo dia de Rock in Rio também trouxe opções para roqueiros veteranos, em uma espécie de matinê punk concentrada no Palco Sunset, pelo qual passaram os californianos do The Offspring e Marky Ramone, que revisitou clássicos dos Ramones ao lado do vocalista Michael Graves, ex-Misfits.
Entre os destaques nacionais, o sábado teve apresentações que misturaram rock e política. A Capital Inicial emocionou fãs ao tocar uma música de Charlie Brown Jr. para lembrar as mortes recentes de Champignon e Chorão. Já o Detonautas Roque Clube voltou aos primórdios do rock brasileiro em um show com convidados só tocando covers de Raul Seixas.
Tico Santa Cruz usou uma camiseta onde se lia "Senado Federal, Vergonha Nacional", e Dinho Ouro Preto usou nariz de palhaço e criticou o escândalo recente envolvendo o deputado Natan Donadon, que manteve o cargo apesar de ter sido preso por corrupção.
O primeiro dia do evento teve shows de Maria Rita, Living Colour, DJ David Guetta, Ivete Sangalo e Beyoncé, entre outros, e uma homenagem ao cantor Cazuza.
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